domingo, agosto 21, 2005

Empresas se unem pelo software livre



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Ontem, foi lançada uma organização não-governamental chamada Rede de Usuários de Tecnologias Abertas, que adotou a sigla Otun, do inglês Open Technology Users Network. A idéia é reunir as empresas que usam o software livre - que não exige pagamento de licenças e pode ser copiado e modificado pelo usuário - para que compartilhem experiência e esforços de desenvolvimento de aplicações específicas.

O Estado de S. Paulo

"O governo, às vezes, atrapalha", afirmou o vice-presidente de Tecnologia e Logística do estatal Banco do Brasil, José Luiz de Cerqueira César. "Estamos aqui para falar menos e fazer mais. Não vamos fazer guerra política, não vamos fazer lobby no Congresso ou ministério nem pedir esmola para ninguém." As empresas, com destaque para os bancos estatais, parecem que querem despolitizar a defesa do software livre, como o sistema operacional Linux. "Não estamos fazendo nada para um ciclo biológico de quatro anos", completou Cerqueira.

Ontem, foi lançada uma organização não-governamental chamada Rede de Usuários de Tecnologias Abertas, que adotou a sigla Otun, do inglês Open Technology Users Network. A idéia é reunir as empresas que usam o software livre - que não exige pagamento de licenças e pode ser copiado e modificado pelo usuário - para que compartilhem experiência e esforços de desenvolvimento de aplicações específicas.

O movimento ocorre ao mesmo tempo em que o principal defensor do software livre no governo, o sociólogo Sérgio Amadeu da Silveira, prepara-se para deixar a direção do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), ligado à Casa Civil. Ele só espera um sinal verde da ministra Dilma Rousseff.

"O País passa por uma crise política grave e o tempo dela está sendo consumido por isso", explicou Amadeu. "Tudo que será feito, será anunciado pela ministra", completou o diretor-presidente do ITI, acrescentando que possui um acordo com a ministra de não falar sobre seu futuro no instituto antes de um pronunciamento de Dilma a esse respeito. "O que ela me autorizou a dizer é que a política de software livre vai continuar."

Cerqueira, do Banco do Brasil, sugeriu que Amadeu poderia assumir uma posição de destaque na ONG anunciada ontem. O diretor-presidente do ITI disse que o assunto "será discutido no momento apropriado". Amadeu está descontente desde o fim do ano passado por causa da oposição que a política de software livre sofre dentro do próprio governo. O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, já se manifestou publicamente contrário à exclusividade dos programas de código aberto. O Ministério do Planejamento decidiu contingenciar a maior parte dos recursos solicitados por Amadeu.

De acordo com o gerente-executivo de Software Livre e Sistemas da Cobra Tecnologia do Banco do Brasil, Ricardo Bimbo, existem cerca de 50 empresas interessadas em se associar à Otun, como Casas Bahia, Carrefour, ABN Amro, Novell, IBM e Sun Microsystems. A ONG espera arrecadar cerca de R$ 1,5 milhão por mês de seus associados.

O principal objetivo da Otun é concentrar esforços para o desenvolvimento de soluções em software livre que ainda não existem no mercado. Já foram definidos projetos para criar sistemas de caixa automático para bancos, estações de trabalho, geoprocessamento, ensino à distância, projetos assistidos por computador (ou CAD - Computer Aided Design) e arranjos produtivos. Além de coordenar as iniciativas das empresas, a Otun também vai buscar troca de experiência com outros países.

"O software livre já é muito mais forte no setor privado", afirmou Amadeu, do ITI. "O movimento do governo foi somente o pontapé inicial."


Fonte: Estado de S. Paulo

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