Heróis do software livre: uma lista de Stallman ao GoogleAugust 5, 2009, by Daniela Fraga da Costa - No comments yetViewed 6 timesFree software heroes: from Stallman to Google, a list of inspiring individuals who made everything possible
Este artigo foi publicado originalmente no dia 15 de junho de 2008. Eu li o artigo novamente, e decidi que ele merecia uma nova publicação na Free Software Magazine como tributo aos indivíduos que tornaram o GNU/Linux possível. Toda área tem indivíduos fundamentais que doaram boa parte de seu tempo às ideias em que acreditavam. Cada um deles nos lembra de que cabe aos indivíduos fazer a diferença — e fazer história. Seu trabalho afeta grande parte da população mundial, e traz mudanças fantásticas na forma como vemos e experimentamos o mundo. Continua.O software livre tem seus próprios heróis. Você já deve conhecer vários deles; mesmo que não conheça, é provável que use diariamente o resultado do trabalho deles.
Este artigo é um tributo a essas pessoas e um resumo para aqueles que chegaram agora ao mundo do software livre.
Alguns nomes fundamentais
Richard Stallman. Não sei sem pode onde começar a falar sobre RMS. Ele deu início ao projeto GNU, parte importantíssima do sistema operacional GNU/Linux, em 1983 (isso mesmo, mil novecentos e oitenta e três!), fundando a Free Software Foundation em 1985. Ele escreveu o compilador C original do GNU — sim, o programa usado para transformar programas escritos em linguagem de programação em código executável. Ele passa a maior parte do tempo como ativista político e de software. Se você quiser saber o que é dedicação, leia o blog dele e consulte sua frenética agenda de viagens.
Pamela Jones. E por falar em dedicação, Pamela Jones é a autora do Groklaw, possivelmente o site que salvou o GNU/Linux e o software livre de modo geral das garras da SCO/Microsoft. Pamela Jones é uma figura realmente fantástica. Ela escreveu por volta de mil artigos nos últimos três anos, e muitos deles são artigos longos e de alto impacto na indústria de TI como um todo.
Linus Torvards. Ele escreveu o Linux, o kernel, sem o qual os utilitários GNU não teriam onde rodar. O kernel Linux chegou em momento oportuno, sendo lançado sob a GPL (escrita por Richard Stallman) em 1991. O Linux é uma parte muito importante do projeto GNU/Linux.
Mark Shuttleworth. Fundador da Canonical, que criou o Ubuntu Linux. Resumindo bastante a história de Shuttleworth: ele fez uma pequena fortuna vendendo a Thawte (que fazia certificados) à VeriSign. Depois passou pelo programa russo de treinamento de astronautas e foi para o espaço. Voltou e fundou a Canonical para criar o Ubuntu Linux, que se convencionou denominar como a distribuição GNU/Linux mais popular e inovadora voltada para os usuários finais.
Larry Page e Sergey Brin. Esses criaram o Google. Você já deve ter ouvido falar nele: é só digitar uma frase na página do Google e você obtém uma lista de páginas relevantes, como num passe de mágica... se você não ainda conhece, deveria dar uma espiada. Embora o Google não seja uma empresa de software livre, e de fato boa parte de seus programas são proprietários, ele lança vastas quantidades de programas livres e, o que é mais importante, contribui para a criação de padrões livres que são amigos do software livre (OpenSocial x Facebook, ou Android x iPhone/Windows Mobile).
Bob Young and Matthew Szulik. Bob Young criou a Red Hat, uma das mais bem-sucedidas empresas de software livre. Sob a sua liderança, a Red Hat se estabeleceu como a distribuição GNU/Linux líder no setor de servidores. As contribuições da Red Hat ao kernel Linux e ao software livre de modo geral são imensas. Matthew Szulik assumiu o posto de CEO da Red Hat após a saída de Young, e fortaleceu ainda mais a empresa. E o que é mais importante, Szulik teve um jantar histórico (e não confirmado) com Steve Ballmer, CEO da Microsoft, que se esforçou ao máximo para que a Red Hat assinasse um acordo de patentes com a Microsoft. Szulik disse "não", embora o acordo provavelmente fosse render bons lucros à Red Hat. Isso teria sido uma desgraça para o mundo do software livre.
Jimmy Wales. Criador de outro site que você deve conhecer: a Wikipédia. Nem preciso colocar um link aqui: É só digitar qualquer coisa no Google (aquela página de pesquisa da qual falei aí em cima), e é provável que uma página da Wikipédia apareça na lista... o software da Wikipédia está disponível sob uma licença livre, a GPL. Sim, a mesma licença criada por Richard Stallman (falamos dele mais acima). Embora a Wikipédia em si não seja software livre, foi uma das primeiras vezes (talvez a primeira) que a filosofia do software livre foi aplicada em um campo não técnico. E a Wikipédia faz um sucesso enorme.
Lawrence Lessig. Criou as licenças Creative Commons, que permitem aos artistas lançarem seus trabalhos sob licenças que têm os mesmos princípios das licenças de software livre.
Sir Tim Berners-Lee. Esse inventou a internet. E lançou as especificações (HTTP e HTML) de graça, em vez de exigir que as empresas e desenvolvedores fizessem acordos inaceitáveis sob termos supostamente não discriminatórios. Sem ele, hoje a internet poderia estar dominada por protocolos proprietários e caóticos no estilo MSN e AOL. E quando eu digo "caóticos", não estou exagerando.
Blake Ross. O cara que, ainda adolescente (em 2003), percebeu que o movimento do software livre estava deixando escapar o mundo dos navegadores web porque não havia um navegador elegante e livre disponível. Por isso ele criou um fork do Mozilla, um software do qual você já deve ter ouvido falar: o Firefox. O resto é história. E é uma história com 25% do mercado, o que é impressionante se levarmos em conta que cada cópia do Firefox precisa ser baixada e instalada, ao contrário do que acontece com o Internet Explorer, que já vem com o Windows.
Dries Buytaert. O autor do Drupal, um dos maiores CMS (sistemas de gerenciamento de conteúdo) do pedaço (tá, eu sou suspeito para falar, sou um dos desenvolvedores do Drupal). Acredito que a maioria de vocês não use o Drupal, mas boa parte deve usar sites movidos pelo Drupal.
Keith Packard. A força por trás do XOrg, um fork do XFree86. É graças a ele que o GNU/Linux conta com um fantástico subsistema gráfico. Esta entrevista com Keith Packard, de 2003, explica parte do ocorrido. Observe que na época da entrevista ainda havia uma grande incerteza, e o XOrg ainda era mais ou menos uma "ideia". Hoje, é uma forte realidade no mundo do software livre.
Bram Cohen. O gênio matemático que criou o BitTorrent. Ao contrário de quase todo mundo, ele liberou as especificações e a implementação de referência do seu protocolo de graça. O BitTorrent se mostrou crucial para o software livre, já que tornou possível o download de distribuições cada vez maiores. Mas há quem não se mostre muito impressionado (como a RIAA, a associação norte-americana de gravadoras) pelo potencial do protocolo.
Michael Tiemann. Fundou a Cygnus em 1989. A Cygnus Solutions foi uma das primeiras tentativas de se fazer dinheiro com o software livre. Tiemann também escreveu o compilador GNU C++ e trabalhou no compilador e no depurador GNU C, softwares cruciais que mudaram o mundo da TI.
O mundo sem eles
Como seria do mundo se essas pessoas tivessem optado por trabalhar como encanadoras? Alguns podem dizer que se eles não tivessem feito o que fizeram, provavelmente alguém teria feito. O problema aqui é o "provavelmente" (isso também nos leva a uma questão ainda mais teórica: a lista de pessoas que seguiram carreira como encanadoras em vez de salvar o mundo, mas isso já é outro papo).
Sem Pamela Jones, muitos (inclusive eu) acreditam que o caso da SCO contra o Linux poderia ter tomado um rumo tenebroso. Sem Stallman, o movimento do software livre estaria longe de ser tão organizado e forte como hoje. Sem Shuttleworth, uma distribuição GNU/Linux proprietária poderia ter se tornado a líder do mercado (algo que estava acontecendo lentamente com o Linspire). Sem Larry Page e Sergey Brin não existiria o Google. Nem a competição Summer of Code. Nem o Android. Nem o OpenSocial, e por aí vai. Sem Bob Young e Matthew Szulik, talvez não houvesse um líder tão evidente no mercado de servidores GNU/Linux, ou o que seria a pior, a Red Hat talvez tivesse cedido à pressão da Microsoft, firmando um desastroso acordo de patentes. Sem Jimmy Wales não haveria a Wikipédia. Sem Lawrence Lessig, toneladas de obras artísticas não estariam disponíveis na internet. Aliás, sem Sir Tim Berners-Lee não haveria internet. Sem Blake Ross, você talvez precisasse do Internet Explorer para fazer qualquer coisa online. Sem Dries Buytaert, o Drupal não existiria. Sem Keith Packard, estaríamos presos ao monolítico e livre-mas-não-tanto-assim XFree86.
Sem essas pessoas, o mundo basicamente seria um lugar muito, muito menos agradável de se viver.
Quer entrar para o clube?
A leitura deste artigo já deve ter dado uma ideia de como fazer isso: cada uma dessas pessoas é inteligente, dedicada e está disposta a sacrificar boa parte de sua vida pessoal para fazer do mundo um lugar melhor.
Uma das coisas fantásticas do software livre é que não há barreiras. Qualquer um pode participar. Seu nome pode aparecer nesta lista. Você só precisa de uma quantidade fenomenal de trabalho e de paixão pela sua área, seja ela qual for.
Eu não estou na lista, mas adoraria estar. Estou dando o meu melhor na Free Software Magazine, e sempre que estou cansado ou sem inspiração, dou uma olhada nessas pessoas que tornaram este mundo possível, e me esforço para ser como elas.
Nós, mortais, podemos não chegar tão longe quanto Sir Tim Berners-Lee, Richard Stallman ou Pamela Jones. Mas... só nos resta tentar.
Autor original: Tony Mobily
Publicado originalmente no: freesoftwaremagazine.com
Tradução: Roberto Bechtlufft
Fonte: Guia do HardwarePSL-Brasil - Heróis do software livre: uma lista de Stallman ao Google - Software Livre
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