segunda-feira, agosto 24, 2009

iMasters - Open Source, Open Mind - Software Livre

Sexta-feira, 21/08/2009 - 10:30 - Por Lysandro Trotta
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Open Source, Open Mind

Curiosamente percebo que escrevo este artigo no dia da comemoração da Queda da Bastilha, onde o povo clamava por mudanças nas estruturas mais rígidas da sociedade francesa e rompia com o modelo de uma aristocracia totalitária. Era o ápice de uma crise desesperada que vinha assolando o país dos queijos e vinhos havia anos.
 
Transportando-nos para o mundo de hoje, na crise generalizada que estamos compulsoriamente imersos, penso frequentemente como sobrevivem os pequenos e mesmo os médios empresários. Quando investir com criatividade é a ordem e tábua de salvação, a velha máxima do corte nos custos parece assombrar as esquinas de cada planilha de orçamento na sombra de cada passo adiante.
 
Neguem os incrédulos e resistentes, mas todo negócio que se preze precisa de Business Intelligence, o famoso BI. De um sabor ou de outro, para viver no planeta Comunicação é preciso estar organizado. É muita informação! E não estou falando apenas do bombardeio externo das publicidades dos novíssimos produtos que serão démodé amanhã de manhã. Falo, sobretudo, da informação que é produzida pelas próprias organizações, o negócio em si. Transformar informação em informação útil - ou seja, em conhecimento - requer um grande esforço que pode ser significativamente facilitado pela implantação de um BI adequado ao tamanho do negócio.
 
Proponho um exercício para aqueles empresários a que me referia: imaginem-se, só por um instante, livres de preconceitos e dos vícios de negócio. Tentem agora visualizar um software suite que faz, com robustez e segurança, pelo menos 80% do que faz o software proprietário de BI que têm na sua empresa, ou gostariam de ter. Cabe lembrar que software proprietário é aquele que você paga, muitas vezes recursivamente e por novas versões, para usar 20% de seu potencial, na grande maioria dos casos.
 
Neste hipotético campo de mentes abertas floresce um maravilhoso - e surpreendentemente maduro - mundo chamado open source. Por mais que tenha nascido de raízes altruístas e um tanto utópicas, o open source evoluiu e é uma realidade palpável e confiável, peça fundamental para a definitiva quebra de paradigma da propriedade intelectual tal como se concebe hoje.
 
Presente também em outras camadas semânticas da informação, como nos data warehouses e até sistemas transacionais, o software aberto já nasceu sem a ingenuidade de querer ser um enterprise resource planning, os famigerados ERPs do final da década de 1990 que prometiam ser a própria panaceia grega personificada, um único software integrador que resolveria todos os problemas de uma corporação.
               
Há provedores de software aberto organizados, competentes e comprometidos com o produto que entregam livremente. O pulo do gato deles não está no produto, mas no serviço. Eles ganham com treinamento, implementação e suporte técnico. Genial.
 
Software aberto não é necessariamente sinônimo de software livre, cuidado. Um freeware, como é chamado, libera os direitos autorais para uso, por vezes restrito, mas não fornece seu código-fonte. Código-fonte é uma espécie de receita de bolo para fazer programas de computador. No open source software, a fornada é mais quente: a tal receita de bolo é liberada para quem quiser fazer melhor, modificar, distribuir ou simplesmente usá-la. Para que fique mais claro: o Skype é livre, todo mundo pode usá-lo de graça, mas quase ninguém no mundo sabe do que ele é feito; o Linux, por sua vez, é de domínio público e seus meandros estão expostos para qualquer pessoa que queira modificá-lo de acordo a sua conveniência.
 
Até os músicos não escaparam desta, vejam só: em tempos em que pirataria é a regra e MP3 é a mídia, está em voga no mundo dos sons o copyleft (sim, é um trocadilho com copyright). É um conceito tão inovador, emprestado do mundo dos bits, que há dez anos seria uma blasfêmia pronunciá-lo. O dicionário Oxford o define como "uma disposição pela qual um software ou trabalho artístico pode ser usado e distribuído livremente na condição de que qualquer derivado deve seguir as mesmas condições". Resumo da ópera: cada um faz o uso que bem entende da obra ou parte dela. Toma para si, melhora, toca de cabeça para baixo, adapta.
 
Apesar de tudo isto, parece existir uma divindade chamada GNU, que magicamente controla a mente dos usuários de software livres e abertos, criando conceitos-base como recriminar quem não dá o devido crédito aos criadores originais. Foi o nascimento das normativas GNU/FDL e a prova definitiva que o caos se auto-organiza. O termo wiki, ambiente colaborativo espontâneo e inacreditavelmente fiel, foi cunhado em 1995 por Ward Cunningham através do primeiro site do gênero de que se tem notícia, o WikiWikiWeb. Aliás, diga-se de passagem, o termo wiki deriva do havaiano "wikiwiki" e significa super-rápido. E põe rápido nisso: em oito anos de existência a Wikipedia, a enciclopédia livre em que todo mundo pode pintar e bordar, ou copiar e colar, tornou-se a maior e mais atualizada do mundo. A Web 2.0 mostrou que veio para ficar e quer ser aberta.
 
A gloriosa conclusão a que chegamos é que está inaugurada uma nova fase no universo corporativo: o mais importante não é gerar informação, mas cuidar dela. O software de BI já não é o ponto decisivo do sucesso na tomada de decisões, mas quem o implementa. O software pode até custar zero, mas o trabalho de uma consultoria especializada é que fará toda a diferença. A bola da vez é o conhecimento, senhores empresários:
 
- Le jour de gloire est arrivé!


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