Comunidade - Filhos PródigosSeptember 29, 2009, by Marcos Siríaco Martins - No comments yetViewed 43 times
Muitos estudiosos do comportamento humano dizem que o que nós não aceitamos nos outros é, na verdade, o espelho. É essa imagem o que nos incomoda.
É um disparate, mas quando vemos algo diferente e não aceitamos, esse diferente é o que tendemos a não aceitar. Quando nos deparamos com idéias diferentes, nossa primeira reação é a de rejeitar essa idéia. É natural num primeiro momento.
Isso, como introdução, talvez explique melhor o texto que espero compartilhar.
Hoje, por conta das travessuras de alguns políticos, fala-se muito na ética. Mas, o que é ética? Somos éticos em nossas atitudes? A ética é uma ferramenta para se relacionar com o outro ou é parte integrante, fundamental do dna? Apontamos o dedo para os outros, em sinal de reprovação, mas e nós, somos éticos?
Muitas das grandes mudanças ocorridas na história da humanidade só foram possíveis porque alguns “malucos” fugiram do conformismo, da mesmice. Hoje, em função da velocidade com que a informação circula, as mudanças são muitas, a cada segundo novas tendências, novas tecnologias, ditando novos tipos de serviços e produtos. Porém, para ter acesso a essas informações, o indivíduo necessita ter um “id”. Então, nem todos os seres ocupantes dessa nave têm acesso às informações, certo? Correto! E por que não? Porque, infelizmente, não é somente o “id” que permite o acesso, mas sim a educação, a saúde, o espaço físico até.
Há quem acredite que o acesso a uma lan house já inclui socialmente o indivíduo. Outros vêem nesses ambientes apenas a exploração de jovens, viciados em jogos eletrônicos.
Há bem pouco tempo, alguns visionários, sonhadores por um mundo mais justo, de oportunidades iguais, passaram a trabalhar gratuitamente em suas casas, nos seus horários de lazer, em sistemas abertos. Este é um assunto há muito debatido neste canal; portanto, torna-se desnecessário explicar o que é um sistema livre. O mais importante mesmo é o que está por traz desse tipo de sistema. Assim como outros visionários, em outras épocas, sonharam com outras liberdades que nós aproveitamos atualmente, esses contemporâneos servidores trabalham pela liberdade de se acessar (seja em lan house, seja em casa, no trabalho) à informação que se queira, sem se submeter à ditadura de apenas um comandante, de apenas uma ferramenta, além de vários outros serviços. Felizmente, o número daqueles que acreditam nessa forma de distribuição do conhecimento cresce a cada dia; felizmente a filosofia foi compreendida.
Porém, como em qualquer comunidade, também existem os que torcem contra. E por que torcem contra? Seriam eles retrógrados, mercenários, vendidos para o sistema? Não. Sem querer polemizar muito, nem sempre aquele que é do contra é, por outro lado, a favor de algo. Nem sempre.
De volta ao início desta página, vamos tentar compreender o que ocorre na cabeça daquele que se vê no espelho e coloca a culpa no outro. Ou então, o que não dá certo comigo, também não pode dar certo para o outro. Ou mais, o que eu não consegui, não quero que outro consiga... e por aí vai...
Quando lutamos por uma idéia na qual acreditamos, não é porque tomamos outro caminho que deixamos de acreditar nessa idéia.
O mundo está cheio de “filhos pródigos”. Nós somos, muitas vezes, várias vezes, filhos pródigos voltando sempre aos braços do pai.
É interessante fazer essa analogia. Sem o intuito religioso que a parábola busca, o filho pródigo teve, sim, o direito de sair por aí. Errou, gastou o seu quinhão com os prazeres da vida mas se arrependeu e voltou. Voltou para sua família, para a sua crença, para os seus costumes. E porque voltou, foi recepcionado pelo pai, com alegria; pelo irmão, com desprezo. Quem são, afinal, esses personagens? O que nos diz essa parábola?
A parábola do filho pródigo é invocada no meio religioso, principalmente, para mostrar que o “pai” está sempre esperando pelo filho que se arrepende e volta, com o coração aberto. Há, no entanto, o “irmão” que, não compreendendo esse pai, se mostra inconformado com a “festa” que foi feita para o “filho pródigo” que voltou.
No nosso meio há muitos “pais”, com o poder de perdoar tantas vezes quantas forem necessárias. Mas há também os “irmãos”. Estes, cheios de inveja do “filho pródigo”, não são capazes de entender que o retorno de um filho deve sempre ser comemorado.
Há famílias numerosas, poderosas, mas há também as famílias pequenas, de poucos bons filhos. Essas famílias pequenas devem sempre estar unidas e de braços abertos para os filhos que retornam. Essas famílias não podem perder força na desunião. Essas famílias precisam comemorar sempre a volta de seus diletos filhos pródigos, sob pena de se perderem no propósito inicial.
Portanto, que venham os filhos pródigos e os demais. Que venham todos os que queiram somar e, com isso, fazer um mundo melhor. Que venham os puros de coração, prontos para trabalhar por uma sociedade mais humana e mais justa, acima de tudo.
Sejam bem-vindos!
Este texto é uma singela homenagem a todos aqueles que acreditam e, por acreditar, fazem do SW Livre e do compartilhamento do conhecimento uma luta pessoal, apesar de muitas vezes não encontrar bom tempo.
É sabido que são muitos. Porém, faço questão de citar alguns. Pela coragem, dedicação, altruísmo e abnegação nessa luta, obrigado a você:Djalma Valois (CDTC), Marcos Vinicius Mazoni (SERPRO),Sady Jacques (ASL), Danilo Rodrigues César (LIBERTAS/PRODABEL), Lercio Teotônio Gontijo (LIBERTAS/PRODABEL), Cezar Taurion (IBM,Gustavo Pacheco (Broffice),Gustavo Mazzariol (Metro-SP), Otávio Salvador (Debian), Augusto Campos (Br-linux), Cesar Brod (Brod Tecnologia), Corinto Meffe (SLTI), Anahuac de Paula Gil (G/LUG-PB), Jaime Nelson Nascimento (ITAIPU BINACIONAL), Claudio Ferreira Filho (Broffice), Silvio Palmieri (Soulivre.net), Luciano Lourenço (Inkscape Brasil), Julio Cezar Neves (Mestre do Shell), Rubens Queiroz de Almeida (Dicas-L), Jomar Silva (ODF Alliance), e todos os outros que não citei.
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