O papel dos blogs na democratização da informação e até mesmo como ferramenta de prestação de serviços é possível, principalmente, pela liberdade de expressão que a internet oferece. Entre tantos assuntos tratados na blogosfera, no entanto, alguns ainda causam polêmica e chegam a resultar em ações judiciais contra blogueiros. É o caso dos blogs policiais, que foram tema de uma conversa na quinta-feira (22), na Campus Party Brasil 2009. "A primeira reação das pessoas quando chegam ao blog é ver que policiais também sabem escrever", brincou Alexandre Souza, do Diário de um PM. Souza é policial militar no Rio de Janeiro e criou o blog em 2006, notando que questões de segurança pública ganhavam cada vez mais espaço na imprensa, mas sempre de um ponto de vista externo.

Para o baiano Danilo Ferreira, do Abordagem Policial, a conversa entre quem está dentro e quem está fora do meio policial é o principal objetivo desses blogs. Ele já era blogueiro quando juntou alguns colegas do curso de formação de oficiais para discutir práticas policiais na web, em um espaço que também busca unir todas as polícias em um espírito de "militares militando" e se fazendo ouvir.

Já o blog Cult Cool Freak, do investigador da Polícia Civil de São Paulo Roger Franchini, começou como um espaço para o "escritor frustrado" falar sobre sua vida. Foi inevitável que o conteúdo abordasse também o seu trabalho. "Eu queria mostrar o papel do policial na sociedade enquanto agente público, não só como força coercitiva", explicou.

Os blogueiros concordam que falar abertamente sobre o trabalho da polícia expõe a corporação e pode trazer muitos problemas, inclusive ameaças de morte, que Franchini disse já ter recebido. Ele citou também o blog Flit Paralisante, escrito por um delegado que está sendo vítima de "perseguição", segundo o investigador.

A liberdade de expressão na web é uma preocupação constante para os blogueiros. O principal desafio seria determinar os limites da exposição da polícia nos blogs. Para Alexandre Souza, o choque entre gerações dificulta um entendimento sobre a circulação de informações na web. "E quando não existia internet?", questiona. "O problema de falar publicamente sobre o que acontece dentro das corporações existe de qualquer jeito", diz, "mas a diferença é que na rede a exposição é maior".

Para ele, existe também o outro lado, e as corporações podem usar a blogosfera a seu favor, como ferramenta estratégica. Os blogs de militares americanos no Iraque, cita como exemplo, dão uma visão diferente do que é mostrado pela imprensa, o que pode ser uma importante fonte de informação para o público.