Afinal, queima menos o HD ser geek ou nerd? Se você não sabe abrir seu e-mail direito ou acha que disco rígido tem a ver com o antigo bolachão de vinil, este texto não é pra você e vai fazer menos sentido do que aquela vez que seu amigo disse pra dezipar o PDF que ele te mandou atachado. Caso você tenha familiaridade com a linguagem da internet, este texto pode servir como uma espécie de guia de convivência no Campus Party Brasil, O que pode ajudar é saber a sutil diferença entre dois tipos de internauta: o geek e o nerd. Você faz idéia do que distingue um do outro? Qual ofende mais? Foi o que o Terra tentou descobrir junto ao público do evento.

"O geek seria alguém mais voltado para a computação, enquanto o nerd se aplica a outros tipos de fixação", define a estudante de design Raquel Sordi, 21 anos, vinda de Porto Alegre para a Campus Party Brasil. Por colecionar bonecos e comics (nome mais moderno para gibis), ela se enquadra na categoria nerd.

Já amigo dela, o webdesigner paulista Tiago Carmona, 20 anos, vive um dilema tipicamente cibernético: "eu me considero um geek, mas sou meio nerd. É meu apelido desde a 4ª série, até minha mãe me chama assim". Diz ele que só não era excluído da turma porque fez escola técnica ¿ ainda assim, ele reconhece que ser chamado de nerd numa escola técnica é uma distinção e tanto. "Deve ser porque eu uso óculos desde pequeno, mas eu já abracei a ideologia", explica, sem dar bola para a opinião alheia.

Além dos dois, a freelancer em design Tatiana Sehn, 21 anos, também de Porto Alegre, não se incomoda em ser chamada de nerd. "Eu vou mentir dizendo que não sou? Não acho ofensivo quando me chamam assim", afirma. "A gente se sente feliz por fazer parte de um grupo", completa Raquel.

Uma pergunta, várias respostasA mesma pergunta que o trio acima respondeu com desenvoltura: qual é, afinal, a diferença entre geek e nerd? - recebeu diferentes definições na Campus Party Brasil. Em geral, a maioria dos ouvidos pela reportagem considera o geek um tipo de nerd mais "evoluído", com tendência a se relacionar mais com os outros.

"O geek tem vida social, o nerd não", crava o engenheiro de softwares Eduardo Otubo, 25 anos. "A gente cultua a mitologia do nerd como aquele cara introspectivo, cheio de problemas sociais", complementa Fabiana Goa (sobrenome de internet), 27 anos, técnica em computação. Apesar dessa distinção, ela se considera nerd.

Outros que não têm problemas em assumir seu 'nerdismo' são Saulo Ricci, 26 anos, e Diego Jandreicie, 16, sócios numa empresa que fabrica gabinetes de computadores. "Além de internet, o geek gosta de festa, enquanto o nerd não sai para a balada", esclarece Saulo, que se define como "um nerd descolado".

Por enquanto, definir claramente um ou outro está difícil. Mas provavelmente não deve ser o que uma internauta disse: "é a mesma diferença entre o charm e o funk: um é bonito, o outro é elegante!", filosofou Karla (não disse o sobrenome), 28 anos. "A gente tá velha demais para isso", dispensou sua colega Cristiane (também sem sobrenome), 30 anos. No fim, o que importa é conhecer e gostar de si mesmo, já diria Sócrates (não o jogador, mas o pensador antigo, de muito antes de inventarem a conexão discada).

Fabrício Calado Moreira