26 de Novembro de 2009 - 18h48 - Última modificação em 26 de Novembro de 2009 - 18h48
Abrangência, preço e conteúdo prejudicam expansão da banda larga no Brasil, aponta Seprorj
Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - A conectividade em alta velocidade no Brasil esbarra em quatro grandes problemas, disse hoje (26) à Agência Brasil o presidente do Sindicato das Empresas de Informática do Estado do Rio de Janeiro (Seprorj), Benito Paret.
A abrangência da rede de banda larga é muito pequena e limitada, afirmou Paret. “Você tem o problema das velocidades inconstantes que são apresentadas como produto, o problema dos preços e da descaracterização dos conteúdos, porque não tem um investimento no país para ter conteúdo nacional circulando pela rede”, acrescentou.
Segundo Paret, isso é muito complicado, principalmente na área da educação, porque, "se nós não tivermos conteúdo nacional, vão circular pela rede coisas que nada têm a ver com a realidade brasileira".
Ele informou que os preços referenciais praticados pelas empresas de telecomunicações pela internet em alta velocidade em banda larga no Brasil equivalem a duas ou três vezes os preços praticados no exterior. Isso sem contar os impostos elevados existentes no país.
“Se lá fora eu vendo por R$ 10,00 e aqui eu vendo por R$ 30,00 sem impostos, quando boto os impostos, isso vai para R$ 50,00 ou R$ 60,00. Esse é o problema. Os custos estão muito ligados a uma prática muito exagerada de preços que são cobrados pelas telecom [empresas de telecomunicações] aqui. Não tem concorrência. E aí somam os impostos e o negócio vai lá para a China!”
A União Internacional de Telecomunicações (UIT) considera que existe uma conexão de banda larga efetiva, real, entre 1,5 a 2 megabits. “Se tiver menos do que isso, não é banda larga. Nós contratamos aqui 2 megabits, mas a companhia telefônica só garante 10%. Você só vai ter os 2 megabits em dia de feriado, às quatro horas da manhã. Não funciona”. Segundo Paret, a falta de investimento em equipamentos explicaria esse problema.
Em termos da renda per capita, isto é, por habitante, a UIT constatou que o comprometimento no Brasil é bem maior do que em outros países. Nos Estados Unidos, uma banda larga eficaz compromete 0,4% da renda média do consumidor. No Brasil, o usuário gasta 9,6% da renda per capita, e para um serviço de qualidade duvidosa, destacou.
Paret salientou que não se pode falar em desenvolvimento para o Brasil se não tiver uma internet que funcione. “Não dá para pensar nisso hoje em dia, por causa da informação, da educação, do comércio, por causa de tudo”. A falta de conectividade dos cidadãos compromete, inclusive, o crescimento futuro do país, insistiu.
Para o presidente do Seprorj, o crescimento econômico do Brasil tem que levar em consideração que a conectividade em banda larga é uma exigência do futuro. “Se não tiver isso, não tem futuro. Não é uma questão opcional. Se nós queremos ter um país que tenha competitividade, que possa disputar o seu espaço no cenário mundial, tem que ter esse investimento pesado, forte”.
Edição: João Carlos Rodrigues
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