30 de Novembro de 2009 - 06h44 - Última modificação em 30 de Novembro de 2009 - 08h26
País precisa diminuir gargalos nos investimentos para evitar "caladão", diz executivo
Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O setor de telecomunicações do Brasil não corre risco de um possível “caladão”, mas a falta de incentivos pode comprometer investimentos futuros. Essa é a opinião do vice-presidente de Políticas Públicas da GSMA, uma associação global de telefonia móvel, Ricardo Tavares. De acordo com ele, o que precisa ser discutido é o ambiente para investimentos nos próximos anos. “Hoje não existe risco de caladão. Mas corremos o risco de ter um caladão de banda larga”, afirma Tavares.
Os investimentos em telefonia e banda larga móveis são altos no país. Juntos, os setores já ultrapassaram a marca dos 75 milhões de acessos. Só em internet de terceira geração (3G), existem 8 milhões de usuários no país. O problema está no crescimento exponencial da demanda. A expectativa, segundo Tavares, é de que em 2015 sejam 70 milhões de pessoas usando banda larga móvel. Só no último mês de outubro, o mercado de celulares e internet móvel cresceu mais de 20%.
“As operadoras brasileiras investem mais que suas parceiras no Bric [grupo formado pelo Brasil, pela Rússia, Índia e China] e na Europa. O problema é que, para avançar, os investimentos têm que continuar altos durante muito tempo. Nós não temos o ambiente propício para isso”, explicou o vice-presidente da GSMA.
De acordo com ele, alguns problemas geram um ambiente de insegurança para os investidores do setor, entre eles a alta carga tributária e elevadas taxas de importação de equipamentos. Além disso, algumas questões técnicas como a baixa oferta de backhall – rede de fibra ótica responsável pela velocidade de internet em uma vizinhança – também são gargalos que precisam ser resolvidos porque encarecem os investimentos e diminuem a qualidade do serviço prestado.
Em meio a essas questões, Tavares afirma que a ideia de criar um Plano Nacional de Banda Larga é um passo importante. “Nós estamos entrando num ciclo em que para ter o direito de ser cidadão no século 21, além de alimentação e saúde, será necessário também ter acesso à educação e à banda larga”, avaliou Tavares.
Na opinião dele, o papel do governo federal deve ser o de facilitar essas questões cedendo, por exemplo, suas linhas de transmissão. “Se o governo utilizar sua infraestrutura para ser um dos fornecedores de backhall, aí é válido. Mas entrar na disputa pelo consumidor final irá distorcer completamente o mercado. Vai criar um risco maior para os investidores em vez de favorecer a ampliação dos investimentos”, avalia.
O Plano Nacional de Banda Larga foi apresentado pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última semana. Ele prevê, entre outras coisas, desonerações fiscais e o papel regulador do Estado na oferta do serviço. O objetivo é baratear e universalizar o acesso à internet rápida no país.
Edição: Rivadavia Severo
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