Viewed 192 timesSÃO PAULO - Amelia Andersdotter é uma pirata sueca de 22 anos. Tal definição somada ao seu visual um tanto agressivo, com parte do cabelo raspado, pode até fazer com que alguns brasileiros duvidem de suas boas intenções.
Ela é a coordenadora internacional do Partido Pirata da Suécia e veio à São Paulo, na última semana, para discutir questões relacionadas à internet no Fórum da Cultura Digital Brasileira.
Com o cargo ocupado desde 2008, dois anos depois de entrar no partido, Amelia tem a missão de se relacionar com outros 'embriões piratas' pelo mundo, arriscando até algumas palavras em português e espanhol.
Em poucos minutos, dá para notar que a jovem, que estuda economia em seu país, defende o conhecimento compartilhado e o bom uso das informações como forma de progresso.
Sua notoriedade política pode ser comprovada pelos números da última eleição européia. Ela foi a segunda mais votada pelo partido sueco, que deteve 7,1% dos votos do país - com tal retrospecto, o Partido Pirata sueco conseguiu eleger um representante no parlamento europeu, Christian Engstrom
Agora, com a ratificação do Tratado de Lisboa, Amelia deve ser a segunda representante do Partido Pirata com cadeira parlamentar na Europa.
Costumeiramente chamado de "lugar de aposento para políticos europeus", o parlamento receberá uma Amelia que promete não só contrastar com os velhos colegas, como também incendiar as questões relacionadas a download, compartilhamento, cultura e outras novas áreas que ela julga ser pouco trabalhadas.
Confira o bate-papo logo abaixo:
INFO: O que você achou do evento sobre cultura digital que participou no Brasil? Acha que os brasileiros estão engajados nas causas políticas e virtuais?
AMELIA: Penso, sim! É realmente legal ver que o governo brasileiro está fazendo um esforço em manter contato com os movimentos da comunidade e também arranjar eventos sérios para o público sobre o tema. Penso que os fóruns também tocaram em tópicos importantes ao tratar de "boas infra-estruturas de informação" como cabos, educação e facilitação para a livre criação, inovação. Percebo que uma grande parte da constituição brasileira não está ansiosa para receber o futuro como está o Ministério da Cultura, mas todos virão ao redor, creio.
INFO: O que mais a surpreendeu por aqui, em São Paulo?
AMELIA: Em São Paulo? Bom, o fato de que todos se preocupam com carros e trânsito, e um monte de gente parecia muito ansiosa para dirigir sozinho em vez de partilhar o carro (risos).
INFO: Como é seu relacionamento com o Partido Pirata do Brasil? Conte como é discutir política à distância...
AMELIA: Acredito que é bom! Nós nunca tínhamos nos visto antes de minha visita ao Brasil, assim acho que temos um melhor relacionamento agora do que antes. No entanto, um aspecto complicado de discussão política internacional é que é muito difícil para todos ter controle de tudo o que está acontecendo na outra nação. Isto significa que um problema que é enorme na Suécia pode ser de interesse muito raso para os brasileiros e vice-versa - ainda precisamos, talvez, nos aprimorar na hora de informar o outro, ou melhorar no reconhecimento de incidentes que impactarão uma legislação fora de nossas próprias nações.
INFO: Na Suécia e na Europa, o Partido Pirata vem crescendo e ganhando importantes posições. Quais são as expectativas para 2010?
AMELIA: Acho que vamos ganhar assentos no parlamento. O tempo está favorável e estamos maduros. Tenho dificuldades para ver como o Partido Pirata não será necessário, mesmo em nível nacional, na Suécia. Os eleitores reconhecerão isso.
INFO: Como você define o eleitorado do Partido Pirata? Percebo que, pelo lado dos críticos, corre certa estigma de que são apenas pessoas jovens, inocentes, e que não possuem uma noção política...
AMELIA: Eles são bem jovens, mas sem noção de política? Isso é enfadonho. Os jovens têm uma mentalidade bem política, e assim como qualquer outra mudança importante na história, pessoas jovens têm a vantagem de compreender e adotar o novo, mesmo politicamente, à frente das pessoas mais velhas. Acho que a popularidade do Partido Pirata entre os jovens mostram que eles não só estão engajados na política em geral, mas também estão dispostos a lutar por seus ideais.
INFO: Qual a tática do Partido Pirata para se popularizar pelo mundo?
AMELIA: O Partido Pirata optou por se concentrar em uma das maiores questões de nosso tempo: como gerimos a informação e o conhecimento em um bom caminho. Isso se tornando uma questão essencialmente importante acho que é uma tática suficiente.
INFO: A realidade sueca é bem diferente da brasileira. O Brasil é reconhecido internacionalmente por possuir altos índices de corrupção e desigualdade social. É possível que, neste cenário, o Partido Pirata do Brasil vença uma eleição e faça bom trabalho?
AMELIA: É claro! Antes de tudo, informação capacita as pessoas e faz com que seja consideravelmente mais fácil para combater as desigualdades - embora possa não ser suficiente, é claro. Em segundo lugar, cair em corrupção é sinal de falta de caráter e não vi isso em nenhum dos piratas brasileiros que conheci.
INFO: Qual é a solução que o Partido Pirata "oferece" para as gravadoras?
AMELIA: Nenhuma. Deixá-las morrer.
INFO: Você baixa muitas músicas, vídeos e outros arquivos pela internet? Que sites usa?
AMELIA: Sim, tudo. Esse é o meu negócio (risos).
Fonte: Info Online
PSL-Brasil - Amelia, a pirata sueca que crê no Brasil - Software Livre
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