quarta-feira, junho 15, 2005

Software livre longe da paixão




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Carlos Eduardo Valim, especial para o COMPUTERWORLD

A liberdade para executar o software, para qualquer uso. A liberdade de estudar o funcionamento de um programa e de adaptá-lo às suas necessidades. A liberdade de redistribuir cópias. A liberdade de aprimorar o programa e de tornar as novas modificações públicas de modo que a comunidade inteira se beneficie da melhoria.

Com esses quatro princípios, Richard M. Stallman resumiu uma nova filosofia de abordar o software no início dos anos 80, que deu início a um movimento de proporções provavelmente inimagináveis ao se combinar com um desejo de rompimento em relação aos fornecedores tradicionais e, às vezes, até aos custos de aquisição.

Duas décadas depois, o software livre já é uma realidade e passa cada vez mais a ser considerado na escolha de soluções corporativas para diferentes tarefas. Em especial, certos setores da economia, como o governamental e varejista, e alguns países, como o Brasil, têm liderado o movimento.

Em geral, as organizações são mais avessas a riscos e prezam a estabilidade e casos de sucesso das soluções, antes de adotar novos produtos. Para que a adoção corporativa aconteça em larga escala é preciso existir a percepção geral de que o software tenha atingido maturidade suficiente. E no último LinuxWorld, realizado em fevereiro, em Boston, a mensagem foi de que pelo menos o mais famoso fruto da categoria está perto disso, do ponto de vista tecnológico.

As duas maiores distribuidoras Linux anunciaram produtos importantes: o Red Hat Enterprise Linux 4, uma plataforma integrada do desktop ao data center, e o Novell Open Source Enterprise Server, para grupos de trabalhos de NetWare e Linux. A Novell ainda apresentou uma estratégia de data center para o seu Suse Enterprise Linux Server. As duas empresas afirmaram apostar na expansão de uso de suas soluções Linux para desktops corporativos.

Mas a maturidade desejada não depende exclusivamente de aprimoramentos técnicos. Há outros fatores em jogo para as empresas optarem por novas tecnologias com poucas reservas. Um dos mais citados pelos opositores do software livre são as opções de serviços. Maior dificuldade de encontrar mão-de-obra com bons conhecimentos para prestar suporte e consultoria prejudicaria o custo total de propriedade do software, além da própria qualidade das aplicações.

Um caso em que a questão qualidade de serviços jogou contra na adoção de software livre foi no Projeto Brasil, portal desenvolvido para discutir políticas públicas nacionais. O jornalista Luis Nassif contou, durante o 10o Congresso de Informática Pública (Conip), realizado em maio, em São Paulo, que o site foi desenvolvido com base em tecnologia aberta, utilizando Plone, software livre de gerenciamento de conteúdo baseado no servidor de aplicações Zope - solução adotada com sucesso por um outro grande portal brasileiro, o do Serpro.

Mas, segundo Nassif, mesmo com o acesso a especialistas na tecnologia, houve um defeito de software, que causou a perda do histórico de informações. "A falta de um responsável pelo produto prejudicou. E até mesmo o caos criativo que ajuda a criar soluções melhores na comunidade livre dificultou", afirma.

Um defensor do software livre argumentaria que no caso de uma falha de um software proprietário o usuário fica completamente dependente do dono da tecnologia, que pode praticar políticas de preços que desejar para solucionar o defeito, mas há pelo menos um dono claro a quem responsabilizar. O fundador da distribuição brasileira Conectiva, Jacques Rosenzverig, afirma que é importante tomar algumas precauções para evitar problemas similares. Uma delas é conhecer o propósito de criação do produto. Há programas desenvolvidos originalmente para universidades ou para uso da comunidade hacker e que acabam sendo utilizados para outros fins, sem a mesma eficiência.

É preciso também ter bons contatos com grupos de conhecimento no software e, de preferência, estar próximo regionalmente de um deles. "Às vezes, se escolhe um bom sistema, mas o expertise está todo na Nova Zelândia", brinca o executivo. "É fácil iniciar um projeto. O difícil é mantê-lo."

A Conectiva foi recentemente adquirida pela francesa MandrakeSoft, para formar a Mandriva, que se coloca hoje como uma das três distribuições globais de Linux. As grandes distribuições de software livre também possuem papel importante para evitar erros de escolha por parte dos usuários corporativos, já que elas oferecem produtos estáveis. Uma vez que há diversos aprimoramentos sendo realizados constantemente em software livre, existem disponíveis diferentes versões, e principalmente versões experimentais, com novas funcionalidades ainda não completamente testadas. "Uma empresa como a Mandriva faz a ponte entre a comunidade e o cliente", defende Rosenzverig.

Com 8 milhões de usuários, o faturamento médio anual da recém-nascida Mandriva é de 8 milhões de euros (cerca de 10 milhões de dólares). São cerca de 120 mil vendas anuais. "O preço coletivo fica em 1 euro por usuário. É o preço para a humanidade e muito próximo do ganho da indústria de doces", avalia o CEO, François Bancilhon, que esteve no Brasil para o Conip.

Devido ao modelo diferenciado, o executivo acredita que a avaliação de uma empresa do segmento deve ser diferente, já que ela também presta contas aos usuários e à comunidade de software livre. A Mandriva estima distribuir 60 produtos para vender um - ela coloca as versões mais novas dos produtos com antecedência a usuários dispostos a pagar, que também podem usufruir de outros benefícios diferenciados do usuário que apenas baixa o software gratuitamente do site -, mas em compensação multiplica em 15 vezes cada centavo investido em engenharia.

A empresa possui apenas 90 desenvolvedores, mas o produto já está traduzido em 70 línguas e chega a 130 países, graças ao esforço de colaboradores não remunerados. "Acredito que, se dermos menos, também ganharemos menos da comunidade", diz.

Para Bancilhon, seguir as regras normais do mercado de ações seria o fim das vantagens do software livre frente ao proprietário. "O cliente migra porque busca diminuir gastos e a dependência de fornecedores", afirma. "Se as empresas do segmento procurarem formas de prender o usuário, poderão aumentar os preços e o diferencial deixará de existir."

A Mandriva é uma empresa voltada a produtos e tem apenas 17% de seu faturamento advindo de prestação de serviços, mas as distribuições Linux também possuem papel importante no suporte ao uso do sistema operacional. Em seu primeiro trimestre completo após a aquisição da Suse Linux, terminado em janeiro, a Novell apresentou resultados de 15 milhões de dólares para a nova unidade. E apenas 7 milhões de dólares eram relacionados às 21 mil licenças vendidas. Os serviços foram fundamentais para o faturamento total no novo negócio.

A expectativa mundial de vendas de serviços voltados a Linux é de 17 bilhões de dólares para 2005. Os Estados Unidos devem ser os principais responsáveis pelo número, mas o Brasil tem seu papel na evolução do negócio. Segundo o estudo Impacto do Software Livre e de Código Aberto na Indústria do Software no Brasil, apenas a venda de distribuições e serviços relacionados ao Linux movimentou 77 milhões de reais, em 2003.

A pesquisa foi feita pela Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex) e o Departamento de Política Científica e Tecnológica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). O potencial de crescimento do valor era de até três vezes para 2008. A evolução estimada da participação de mercado do sistema aberto era de 9%, em 2003, para 18%, em 2007, em todo o mundo.

Segundo a empresa de pesquisas IDC, mais de 700 companhias utilizam hoje Linux no Brasil e mais da metade delas possuem acima de 250 funcionários. Os números são animadores para a Revera Linux Services. Mais utilização implica em mais demanda por suporte. E, com dez anos no ramo, a companhia é pioneira na evolução dos serviços de software livre no Brasil. Ela adquiriu a área de serviços e suporte da GetNet, que representou no País a Suse Linux por quatro anos.

Um dos serviços corporativos mais importantes é o de integração. E nisso os softwares abertos facilitam a vida dos consultores e usuários. Pela própria criação em arquitetura aberta, tornam simples a conversa com outros softwares, livres ou proprietários. "Linux tem característica de cooperação e coexistência, pode ser acessado por qualquer interface. O OpenOffice [suíte livre de escritório] permite criar integração com Windows. Pode ser implantado em rede Microsoft e reconhece os usuários", exemplifica o diretor da Revera, Stefan Victor Wieczorek.

"A heterogeneidade de ambientes ajuda até mesmo a calçar as decisões de tecnologia", afirma o vice-presidente da CPM, Márcio Abreu, para explicar os motivos de cada vez ser mais comum encontrar empresas que utilizam ao mesmo tempo produtos livres e proprietários integrados. Pouco importa a procedência dos produtos, mas o resultado da combinação. E o uso de diversos produtos permite se resguardar: caso alguma das partes não funcione, todo o projeto não é comprometido.

A CPM é uma das companhias que mais realizam implantações tecnológicas no Brasil e já percebeu há muito tempo a importância de ter conhecimentos internos de software livre. "Desde 2001, trabalhamos com isso. Como integradora independente, adotamos sem bandeiras ou ideologia, mas por casos de negócios. O usuário escolhe o que quer", afirma Abreu.

A oferta de plataformas on demand da CPM, sua principal aposta, foi criada com base em Linux. Leva Citrix nos terminais, Windows nas pontas e o Linux roda por baixo, passando desapercebido pelos usuários. Os motivos da opção são a leveza do sistema, a economia com licenciamento de software e por permitir complementações, graças ao código de conhecimento público. Entre os clientes da solução estão a Brasil Telecom e o governo de Goiás.

Atualmente o mundo Linux já permite reconhecer o conhecimento profissional. Além de haver certificações nos produtos de distribuições como Red Hat e Novell, existe o Linux Professional Institute (LPI) com cursos pelo mundo todo. "A certificação LPI mescla conhecimentos comuns a diversas distribuições, desde o nível básico até de configuração, incluindo administração de redes complexas e integração de serviços", explica Wieczorek, da Revera Linux Services.

"A disponibilidade de profissionais que entendem de Linux está maior, em comparação com há três anos", diz o diretor da divisão Systems & Technology da Unisys Brasil, Pedro Saenger. Até agosto do ano passado, a Unisys fornecia servidores apenas com arquitetura Intel e Microsoft. Mas, com o lançamento da linha ES 7000 com Red Hat e Suse, entrou no rol das gigantes que fornecem produtos com a arquitetura aberta, que inclui também Sun Microsystems, HP, IBM e Oracle. Para atender às demandas por novos produtos a empresa capacitou profissionais no exterior e recrutou no mercado, para formar desde a equipe comercial e de produtos até pessoal de pós-venda e implementação de projetos.

A IBM também promete dar grande força para a evolução da qualidade de conhecimentos em serviços de Linux. A big blue prometeu investir 100 milhões de dólares nos próximos três anos para incentivar suporte no mundo do pingüim, para provisionamento de servidores e gerenciamento de aplicações de desktop.

Com o exemplo do primo mais famoso, é de se esperar que muitos outros produtos de software livre sigam caminhos parecidos rumo à maturidade. E essas estradas passam não só por evolução tecnológica, mas também por criar condições dos usuários terem acesso fácil a serviços e suporte de qualidade.

Pingüim em missão crítica

A infiltração do Linux nas empresas obedece a um padrão. O princípio quase sempre é para suportar o firewall, e depois as boas experiências com servidor de arquivos ou servidor de banco de dados estimulam uma aplicação mais crítica do sistema aberto. "Há três anos, só existiam projetos-piloto em um único servidor", afirma o diretor da Revera Linux Services, Stefan Victor Wieczorek.

Segundo o executivo, estabilidade, segurança e economia estimulam mais uso corporativo. Outro impulsionador é a grande oferta de máquinas novas já com Linux, uma vez que grandes empresas, como Dell, HP, IBM e Unisys, comercializam servidores que saem de fábrica com o sistema aberto.

Mas o Brasil chama a atenção internacionalmente para o uso mais amplo de Linux. "As pessoas falam bastante de casos como o da prefeitura de Munique [que realizou migração para plataforma Linux], mas o Brasil tem as maiores referências mundiais, nas Casas Bahia e escolas públicas de São Paulo", afirma o CEO da Mandriva, François Bancilhon. As Casas Bahia utilizam sistema da distribuição SuSE Linux, pertencente à Novell, para todos os computadores de suas lojas. O mesmo acontece com o Carrefour que realizou projeto para seus PDVs com a Unisys. O setor varejista, aliás, tem aproveitado muito da plataforma aberta nos seus terminais de ponta.

Mas se setores como governo e varejo adotam Linux, há os mais reticentes. O principal exemplo são os bancos, que continuam a confiar em máquinas bem robustas, como os tradicionais mainframes. No entanto, mesmo eles acabam em algum ponto tendo contato com software aberto, ainda que de forma indireta ou apenas nos ATMs.

A Uranet, que cria soluções para integração de atendimento com call center, possui implantações de sua ferramenta Intergral com destaque no mercado bancário, em bolsas de valores e empresas de outros setores, como Telefonica e Ambev. A solução transforma o hardware do call center em software e tem como base Linux, para onerar menos o cliente, rodando no banco de dados do usuário. "As soluções livres ou proprietárias são parecidas. O segredo está em quem pilota", afirma o diretor-presidente da Uranet, Andrés Rueda.

De modo mais direto, um caso recente que promete ser referência na área financeira é a entrada dos bancos chineses no Linux. O maior banco do país, o Industrial and Commercial Bank of China (ICBC), anunciou que irá adotar o sistema operacional aberto nos servidores para suas 20 mil agências, no que promete ser a maior iniciativa chinesa em software livre. O banco atende a 100 milhões de correntistas e 8,1 milhão de contas corporativas. O ICBC se juntará ao Bank of China, que fez migrações em projetos regionais. E a expectativa é que o Agricultural Bank of China, um dos quatro maiores, e o China Construction Bank também comecem projetos neste ano.

Apesar de ser cada vez mais comum encontrar Linux em aplicações críticas, as grandes migrações não devem entrar na moda, segundo muitos especialistas. "Devemos ter cada vez menos mudanças radicais. Vemos com ceticismo grandes rupturas", defende o vice-presidente da implementadora CPM, Márcio Abreu. "Há exemplos de empresas que nos chamaram para voltar ao legado." Os motivos não são só o tamanho e dificuldade do projeto, questões técnicas ou econômicas. Envolve até mesmo o conhecimento interno adquirido durante anos.

Mesmo o presidente e fundador da Conectiva, hoje integrada à Mandriva, Jacques Rosenzverig, afirma que não indica grandes migrações. "É preciso avaliar o retorno do investimento. Se for entre 5 e 10 vezes é o número mágico. Servidores escondidos na sala escura são sempre os primeiros candidatos a ir para Linux, até se chegar a áreas mais sensíveis de contato com o usuário", diz. Para os especialistas, a melhor migração é por ondas.

Questão de Estado

Que o incentivo para usar preferencialmente software livre faz parte da política de software federal - um dos planos é migrar até 30% dos computadores até setembro deste ano - é notório. O que nem todo mundo sabe é que, desde o ano passado, também o Estado de São Paulo, quando um grupo técnico foi criado pelo Comitê de Qualidade de Gestão Pública, adotou essa postura.

Formado por 15 técnicos de diversas secretarias, o grupo propôs uma política que estabelecesse a preferência por software livre e o compartilhamento de software - livre ou proprietário - no governo. Depois de aprovada pelo CQGP, deu origem à minuta 52, de 2004. A conclusão não tem motivação apenas de economia de custos, defende o coordenador do grupo, Walter Constantino. "Decidimos por software livre também por segurança e autonomia em relação a fornecedores", diz.

A política não prevê exclusividade. Cada vez que há implementação de software com gasto direto ou indireto, é preciso justificar a escolha do produto. "A justificativa deve ser econômica e técnica. E precisa dizer qual foi o escolhido, quais são os similares proprietários e livres, e porque o adotou", explica o representante.

O software livre é visto pelo governo federal também como uma oportunidade de inserir o Brasil no mercado mundial, aproveitando o conhecimento que se desenvolve no País voltado à nova abordagem. O que falta é a criação de modelos mais claros de ganhos financeiros e criação de empregos com software livre, que muitas vezes além de ter o código aberto são de distribuição gratuita. Na maior parte das comunidades para o avanço do software livre a questão ainda está em fase de discussão, com propostas para focar em serviços, ganhos de propriedade intelectual e parcerias internacionais.

Na ponta dos dedos

A fabricante de carrocerias de caminhões e ônibus Comil hoje é uma empresa quase que completamente baseada em software livre. O caminho para a abertura começou em 2001, quando poucos assumiam os riscos de usar a novidade. Primeiro, a companhia adotou Linux para rodar o servidor de e-mails e o bom desempenho levou a migrar todo o parque de servidores até 2003 de Novell para ambiente aberto.

"Lógico que a economia de custos influenciou, mas o que buscamos foi uma plataforma mais segura e mais estável. E precisávamos de fonte aberta para podermos adaptar de acordo com nossas necessidades", conta o responsável por tecnologia da informação, Douglas Yoshihara. Apenas o processamento do sistema de gestão manteve-se em MT, mas isso deve mudar com a implantação do ERP durante este ano, que também será suportado por Linux.

O grande diferencial da Comil frente a outras iniciativas do gênero é que o software livre chegou até o usuário de computação. No fim de 2004, a empresa migrou os desktops de StarOffice, da Sun MicroSystems, para OpenOffice, que agora está em 80% das aplicações. Apenas em relação a algumas planilhas de cálculos complexas, importantes para as atividades da empresa, ainda não se usa o software. "O objetivo é ter o ambiente inteiramente em software livre", conta o executivo. Para isso, a Comil também utiliza Open Webmail, Thunderbird Mozilla para o correio eletrônico e Mozilla para o navegador Web (browser).

Apesar de na Comil a plataforma aberta já ter chegado ao usuário comum, os primeiros produtos comerciais para desktop foram lançados, por Red Hat e SuSE Linux, apenas recentemente. Caminho contrário percorrido pela Microsoft, que saiu do micro para conquistar espaço em servidores e afins. Mas comparações com sistemas proprietários podem enganar. Os especialistas em Linux gostam de afirmar que o sistema operacional aberto não nasceu para ser completamente equivalente a qualquer sistema já conhecido, nem mesmo ao Unix.

Para esses especialistas, o software livre pode possuir programas para mesmas funções que outros já existentes, mas tem o potencial de incluir novas capacidades. Também diferente do que acontece em um ambiente Windows, por exemplo, em que diversas tarefas fazem parte do mesmo software (all in one), o objetivo no mundo aberto é criar a melhor solução para cada função e facilitar a integração ao máximo.


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