Fonte:
André Borges
O nome ainda não está definido, mas tudo indica que será algo como "Open Technology User Network", isto é, uma "rede de usuários de tecnologias abertas". Seja lá qual for a alcunha, o fato é que, a partir do próximo mês, o Brasil será a matriz de um organização internacional voltada aos usuários corporativos de software livre.
Em fase de estruturação, o projeto é encabeçado por executivos de bancos como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, além de empresas como Cobra Tecnologia (subsidiária de tecnologia do BB) e 4Linux. Do governo, o apoio já firmado vem de nomes como o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI). Na arena internacional, a futura entidade terá apoio do Linux Professional Institute (LPI).
O objetivo da organização sem fins lucrativos é, segundo o gerente executivo de software livre da Cobra, Ricardo Bimbo, formar uma comunidade em torno dos interesses dos usuários do software livre. "A área de desenvolvimento já tem voz no software livre, a comunidade também, mas ainda não tem uma representatividade para o usuário. Esta ONG criará uma cadeia de confiança para quem utiliza tecnologias compartilhadas", explica.
Na prática, o que a ONG pretende oferecer aos usuários corporativos são informações sobre pacotes de ferramentas padronizados e certificados, além de qualificação de profissionais para operações específicas em software livre. "Hoje a LPI tem um trabalho muito forte de certificação, mas ela certifica apenas em Linux, isso é muito amplo. Com esta iniciativa, teremos certificações de profissionais para bancos de dados, para suítes de escritório, para soluções de geoprocessamento", exemplifica Bimbo.
O executivo explica que a entidade não venderá produtos, apenas dará aos usuários uma orientação padronizada de qual aplicação é mais adequada à sua necessidade, além dos critérios de desenvolvimento envolvidos nessa solução.
"Se o usuário vai buscar serviços com alguma empresa que faz parte da entidade ou não, ficará a seu critério. Não vamos empacotar nem distribuir produtos. O nosso objetivo é ser a voz do usuário para que possamos concentrar as necessidades", comenta o executivo da Cobra.
Estruturação
Ainda não se sabe qual será o investimento financeiro necessário para a criação da entidade. Uma assembléia para discutir detalhes estruturais e operacionais está marcada para próximo dia 14, data que não foi escolhida ao acaso. Neste dia comemora-se o aniversário da queda da Bastilha, ocorrida em 14 de julho de 1789, um marco da Revolução Francesa que levou ao fim do regime absolutista.
Segundo Bimbo, o projeto inclui, entre outras ações, o estabelecimento de uma sede em São Paulo, que deve ganhar representações por vários Estados do País, além de outros países. Um portal na internet deve centralizar o acesso a informações.
De acordo com o diretor de tecnologia do Banco do Brasil, José Luiz Cerqueira César, nas próximas semanas também serão definidas questões como diretorias, suas estruturas gerenciais e o estatuto da organização. Cerqueira César, um dos líderes do projeto, afirma que não deve ocupar cargo de liderança dentro da nova organização.
Parcerias com representações internacionais também estão sendo costuradas. Países como Alemanha, Argentina, Canadá, Cuba, Espanha, Estados Unidos, Índia, México e Venezuela já demonstraram interesse em montar uma representação local da entidade.
No Brasil, os executivos do BB e da Cobra também estão em contato com bancos como Bradesco e Citibank. Questionados sobre a ausência de parceiros potenciais como IBM e Mandriva, o diretor de software livre da Cobra declara que o espaço está aberto para parcerias. "Vamos falar com todos os interessados, esta é uma comunidade voltada para os usuários", afirma Bimbo.
Em visita ao País para tratar da criação da entidade, o presidente do Linux Professional Institute, Evan Leibovitch, sediado no Canadá, afirma que atualmente o Brasil lidera a movimentação pró-software livre. "Não há dúvidas de que o Brasil exerce uma liderança mundial nessa área. E hoje, 100% das empresas estão olhando para um modelo de conhecimento compatilhado. Vamos levar esse processo adiante", diz.
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