quinta-feira, julho 28, 2005

Deu no O Dia: O que pesa é o conhecimento




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Cresce no mercado a percepção de que ser certificado é importante, mas não o suficiente para garantir a qualidade do profissional de TI Cristina De Luca e Mylène NenoA pequena Arfa Karim Randhawa, uma paquistanesa de 10 anos, se encontrou com o todo-poderoso Bill Gates semana passada na sede da Microsoft, nos Estados Unidos. O que isso tem de tão importante?

É que, aos nove anos, a menina obteve certificação como profissional qualificada da Microsoft e se tornou uma das mais jovens a conquistar o título, depois do indiano Mridul Seth, de oito, que obteve a certificação em novembro do ano passado.

Essas situações impressionantes fazem alguns questionarem até que ponto é válido o conhecimento empacotado por determinado fabricante, por meio de treinamentos oficiais em instituições autorizadas. Aos poucos o mercado vai percebendo que ser proficiente em determinada tecnologia não é garantia de conhecê-la e entendê-la.

“Essas certificações foram um retrocesso”, diz Benito Paret, presidente do Sindicato das Empresas de Informática do Rio de Janeiro (Seprorj), preocupado com a queda da qualidade dos profissionais de TI.

Razão pode estar no modelo imposto

“Cursos oficiais não aprofundam o currículo. Não abordam a solução de problemas. Quase sempre se limitam a ensinar o feijão-com-arroz. Não dão liberdade ao instrutor de mostrar as falhas do produto. Fugir ao script para preparar o aluno para lidar com situações reais”, argumenta Márcio Cury, coordenador do Grupo M.Cury, que em seus cursos livres prepara os alunos para obterem certificações Microsoft, Linux, Cisco e CompTia.

“Um curso de certificação oficial é totalmente orientado para determinada marca. Já o treinamento livre está desvinculado do fabricante e mais comprometido com a qualidade”, afirma Frederico Novaes, gerente do Senac Rio, instituição que tem em seu catálogo cursos oficiais (Cisco, Conectiva, 3Com etc.) e livres. “Por isso, em alguns momentos é preciso se desvincular”.

Liberdade de atuação ajuda na formação

Essa liberdade também é apontada por Andre Kischinevsky, diretor do Infnet, como um dos motivos de não optar por determinadas “bandeiras”. “Alguns fabricantes limitam muito a forma de o parceiro lidar com seus alunos”, diz. “Na prática, o fabricante de boa política é aquele que garante qualidade sem tirar a liberdade do parceiro”, avalia Kischinevsky.

O Infnet é parceiro autorizado da Adobe, Macromedia, Microsoft e Real Networks, mas também oferece treinamentos livres de Oracle, Java e Linux. “É estranho esse conceito de curso oficial de Linux diante de tantas distribuições. Na prática, há cursos oficiais piores que os nossos”, alfineta.

“Muitas vezes o aluno chega aqui, depois de já ter a certificação, com o sentimento de que falta algo. Aprendeu como o sistema funciona, mas não adquiriu habilidade prática”, afirma Cury.

Todos concordam que a certificação continua sendo pré-requisito para uma boa colocação no mercado. Mas nem sempre procurar um centro de treinamento autorizado pode ser o melhor caminho para obtê-la. “Eles formam operadores de determinados conjuntos de função”, diz Paret. “E não os técnicos que o mercado precisa”.

No fim de 2004, a Riosoft, aliada à Assespro-RJ e ao Seprorj, criou o QualiProject, programa de treinamento que oferece a certificação PMP - Project Management Professional.

“Nossa idéia é recriar a figura do desenvolvedor. Montamos o programa baseado na necessidade das empresas por profissionais qualificados. Mas só conseguimos ter 12 inscritos”, diz Paret.

O Dia - RJ - Índice - //27/07/2005


Fonte: O Dia


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