Fonte : noticiaslinux.com.br
Parece que para todo lado que você olha, padrões e formatos abertos tem se tornado meios preferenciais de disponibilização de documentos digitais. A linguagem XML, para citar um caso, é agora a queridinha das grandes empresas: até mesmo a Microsoft se comprometeu com um formato XML aberto para sua futura suite Office. Formatos para documentos 'imprimíveis' estão tornando-se cada vez mais e mais universalmente abertos, mas a figura não é tão promissora para multimídia.
A BBC quer mudar isto. Com suporte de fundos públicos, a BBC está comprometida em prover acesso gratuito e aberto à mídia em áudio e vídeo para uma larga audiência. Mas mesmo para a maior organização de difusão de mídia do Reino Unido, quebrar a barreira dos padrões proprietários de mídia digital não vai ser fácil.
Pense em qualquer formato popular de arquivo multimídia e você provavelmente estará pensando em alguma marca corporativa. RealVideo, QuickTime, Windows Media - cada nome é uma marca registrada, com a parte interna de cada formato sendo cuidadosamente guardada, fórmula proprietária. Até mesmo MP3, que é de propriedade intelectual da Fraunhofer-GesellschaftÂ.
Não que haja falta de padrões abertos na indústria multimídia. Afinal, padrões fixados pela Moving Picture Experts Group (MPEG) são encontrados desde filmes em DVDs, videoconferência, até MP3. Ainda assim a multimídia continua um verdadeiro campo minado de patentes. De fato, tantas patentes se aplicam ao simples fato de rodar um vídeo comprimido na tela do computador que seria virtualmente impossível desenvolver qualquer tipo de aplicação multimídia sem um consórcio como o comitê MPEG.
A maneira pela qual consórcios funcionam é que vários possuidores patentes entram num grupo industrial e concordam em deixar suas patentes tornarem-se parte dos padrões daquele grupo. Fazendo isso, eles concordam em licencear suas tecnologias sob os termos acordados pelo consórcio. No caso do MPEG, isto quer dizer termos "razoáveis e não discriminatórios" de licenceamento. Qualquer um está livre para licencear padrões MPEG - ninguém pode ser barrado - desde que paguem as taxas.
Os óbvios perdedores em tais negócios são os projetos de código aberto, que frequementemente são formados por um pequeno grupo de indivíduos sem condições de pagar qualquer tipo de taxa, não importa quão "racional". Mas potenciais usuários destes projetos perdem, tanto quanto. Considere o crescente número de pessoas no mundo em desenvolvimento que confiam no código aberto para todas suas necessidades computacionais e você verá como tecnologias bloqueadas/barradas por patentes não oferecem uma solução a longo prazo para uma organização de mídia com missão similar a da BBC.
Para passar por isto, a BBC tomou um passo fora do padrão/normal: decidiu desenvolver seu próprio codec para multimídia. Chamado Dirac, o novo formato é totalmente open source, suporta vídeo de alta resolução e promete um incremento de duas vezes na compressão em comparação com padrões MPEG com a mesma qualidade de vídeo. O lançamento final está marcado para o final do ano, mas versões experimentais já estão disponíveis. O projeto VideoLAN preparou suporte preliminar para o Dirac na versão de seu player multimídia chamado VLC lançada em junho.
Como a BBC pode ter certeza de não estar apenas caminhando para outra bomba de patentes escondidas? Não pode. Especialmente com tanta propriedade intelectual.
Traduzida integralmente de: http://www.linuxworld.com.au/index.php/id;1970175686;fp;16;fpid;0
Site do projeto: http://dirac.sourceforge.net/
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