Fonte:
Mário Magano, PC World
17/11/2004 14:20
A Advanced Micro Devices (AMD) fez ontem (16) a primeira demonstração do Personal Internet Communicator, equipamento destinado a ampliar o acesso à internet com preço mais acessível. PC World conversou com exclusividade com Brad Hale, diretor de desenvolvimento de negócios da AMD que trouxe as primeiras unidades para o país e irá mostrá-lo para o governo e alguns parceiros locais durante essa semana.
Segundo dados da AMD, em torno de 90% da população mundial (ou 5,4 bilhões de pessoas) não têm acesso à Internet. Para reduzir esse abismo tecnológico e social, a empresa por meio de seu executivo-chefe, Hector Ruiz, anunciou a iniciativa 50x15 [link]. A meta é ambiciosa: levar o acesso a Internet a 50% da população do planeta até 2015. O primeiro resultado concreto dessa iniciativa é o PIC, lançado oficialmente nos Estados Unidos em 28 de outubro.
Segundo Hale, o Brasil, com população total de 184,1 milhões de habitantes, teria aproximadamente 28 milhões de lares com renda familiar acima de mil dólares por ano. Destes, apenas 6 milhões têm hoje um PC em casa. Resta portanto um mercado em potencial de 21,9 milhões de lares que a AMD pretende atingir com seu PIC.
Não maior que uma caixa de lenços e pesando menos que 1,5 kg, o PIC foi projetado para ser simples, barato e resistente a quedas e maus tratos. O gabinete na forma de cápsula possui dois hemisférios. A parte superior é feita de plástico ABS e a inferior, de alumínio. Segundo Hale, o uso de metal na base tem a função de dissipar o calor gerado pelo processador AMD Geode GX500. A única peça móvel dentro do PIC é seu disco rígido de 10 GB de 3,5 polegadas.
O PIC vem ainda equipado com um modem de 56 kbps, um periférico desprezado em um mundo que caminha para banda larga. Hale disse que, durante o desenvolvimento do produto, a AMD nunca pensou que o acesso por banda larga poderia ser tão popular em alguns mercados onde o PIC seria vendido.
Por enquanto, a solução encontrada é usar uma de suas quatro portas USB 1.1 para ligar um adaptador Ethernet ou até mesmo um modem ADSL. Mesmo assim, a empresa já planeja criar uma versão do PIC com uma porta Ethernet no lugar do modem. Esse modelo deve ficar pronto no período entre o final desse ano e no início do próximo.
Sistema operacional
Apesar de rumores indicarem que o PIC utilizaria sistema operacional Linux, a versão final veio equipado com uma nova versão do Windows, chamada Windows XC. Algumas fontes ligadas ao assunto diziam se tratar de uma versão do Windows CE com elementos do XP e outras que seria versão reduzida do Windows XP Embedded Edition.
Hale confirmou que sua equipe avaliou todas essas opções. A idéia do Linux foi abandonada não por causa do sistema operacional e sim pelo custo do pacote de aplicativos que acompanhariam o produto. Testes também foram realizados com o XP Embedded e, também nesse caso, o custo da licença seria bem maior que o do Windows CE, que surgiu como solução economicamente mais viável.
Durante a demonstração do produto, pudemos observar algumas características típicas do Windows CE H/PC Pro (codinome Jupter), como a ausência de janelas de tamanho ajustável. Praticamente cada aplicação ocupa toda a tela do monitor e pode ser chaveada pela barra de tarefas. Hale explicou que o uso de telas no lugar de janelas simplifica a interface. O PIC pode trabalhar com resoluções de tela de até 1.024 x 768 pixels, apesar de algumas aplicações rodarem no modo de 800 x 600 pixels.
A determinação de procurar a melhor solução pelo preço mais atraente deixou de fora do PIC a suíte de aplicativos de escritório que normalmente acompanham o Windows CE, como o Pocket Word e Pocket Excel.
No seu lugar a AMD optou pelos programas TextMaker e o PlanMaker, da alemã SoftMaker [link], que, segundo Hale, ofereciam uma melhor relação de custo/benefício que os produtos da Microsoft.
O executivo da AMD afirma que o nível de compatibilidade dos programas da SoftMaker com os produtos da Microsoft é bastante elevado. O usuário final teria problemas apenas com alguns recursos muito avançados que o público-alvo do PIC talvez nem saiba que existem. Outra vantagem desses programas é que eles conseguem ler e gravar documentos nos seus formatos nativos, não sendo necessário qualquer tipo de conversão e a possível perda de dados, segundo a AMD.
Além disso, o PIC vem equipado com outros aplicativos populares, como um navegador web compatível com Macromedia Flash, Windows Media Player, sistema de mensagens instantâneas (MSN), de e-mail (Outlook Express), visualizador de imagens gráficas e de arquivos em PDF.
Durante a demonstração feita pela AMD, o sistema operacional se mostrou bastante ágil e capaz de realizar tarefas ao mesmo tempo, como ouvir música enquanto se escreve um documento ou navega pela internet.
O sistema não dispõe de programa antivírus. A AMD reconhece esse fato e afirma que, como no Mac OS, por enquanto não existem virus que ataquem o Windows CE. De qualquer modo, trata-se de um assunto que deve ser levado em consideração nas próximas implementações do produto.
Compatibilidade
Hale explica que tudo no PIC foi feito para que o usuário leigo tivesse a menor possibilidade possível de bagunçar algo dentro do equipamento. Por exemplo, não é permitido criar pastas de arquivos fora do diretório Meus Documentos. A instalação de programas só pode ser feita por meio de downloads (via provedor de acesso) e até mesmo os drivers de dispositivos devem ser específicos para o PIC. Logo, programas para Windows baixados diretamente da internet não rodam no PIC.
Junto com a versão inicial do produto, a AMD incluiu drivers específicos para impressoras HP, Canon e Epson. A intenção da companhia é manter contato com os fabricantes de hardware para que, conforme produtos compatíveis com o PIC cheguem ao mercado, novos drivers sejam colocados para download ou até mesmo distribuídos por meio de download automático.
Com relação à compatibilidade com dispositivos USB, Hale diz que além dessas impressoras, o PIC aceita qualquer dispositivo que possa ser visto como um dispositivo de armazenamento externo, o que inclui memory keys, floppy USB, câmeras digitaos e até mesmo unidades de CD-ROM (somente para leitura, não para gravação). Com relação à outros dispositivos como webcams seria necessário o desenvolvimento de drivers específicos.
Joguinhos? Nem pensar. O PIC não dispõe de aceleradora gráfica ou capacidade de processamento suficiente para executar os atuais jogos do mercado. Mas como acontece hoje no mercado de celulares, jogos em 2D da época dos Atari ou mesmo jogos de Arcade poderiam ser adaptados para o PIC. Mas isso dependeria do interesse dos donos desses títulos e de um modelo de negócios que viabilizasse sua distribuição pela rede.
A AMD não irá vender o PIC diretamente para o usuário final, e sim distribuí-lo por meio de parceiros que irão oferecê-lo como parte de um pacote de acesso à Internet. Como nos celulares, ficará a critério do provedor de serviço estipular o preço final do produto que poderá ser vendido com um desconto pelo provedor de acesso, financiado por meio de microcrédito ou até mesmo cedido gratuitamente como parte de um pacote premium.
A previsão é que o PIC seja lançado comercialmente no Brasil no início de 2005 com seu sistema operacional e aplicativos já traduzidos para o português.
Outro detalhe interessante é que o PIC poderá ser parcialmente customizado para assumir a identidade visual do seu distribuidor. Isso poderá ser feito por meio de etiquetas no produto, fundos de tela customizados, telas de boot ou até mesmo utilizando cores diferenciadas (ao lado).
Com relação ao futuro, Hale diz que outras versões do PIC já estão em estudo, como um PIC ainda mais barato (sem disco rígido) e outro bem mais potente que o atual, voltado para aplicações multimídia.
Links:
http://admail.idg.com.br/t.aspx?token=ALU4,39640-b549ab88-9a40-45c2-bbcb-04c10467bb1b,2,44
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