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SÃO PAULO (Reuters) - O programa do governo federal que desde novembro está financiando a compra de computadores para usuários de baixa renda vem recebendo demanda acima da esperada e chamando a atenção para iniciativas de inclusão digital por parte de companhias como a Microsoft .
O projeto "PC para Todos", que utiliza o sistema livre Linux, facilita o financiamento para a compra de computadores pessoais de até 1.400 reais. Para participar, o consumidor precisa comprar um computador produzido por um dos 27 fabricantes credenciados junto ao Ministério de Ciência e Tecnologia, que exige que as máquinas do projeto sejam equipadas com Linux e outros 26 programas livres, que não exigem pagamento de licenças de uso.
Apesar de não ter números precisos sobre o desempenho das vendas dos PCs do projeto, Luiz Claudio Mesquita, assessor da diretoria do Serviço de Processamento de Dados (Serpro) do governo federal, afirma que a expectativa é que a meta inicial de venda de 1 milhão de PCs em 12 meses seja superada. Ele informou que deve convocar neste mês uma reunião com os fabricantes para fazer um levantamento das vendas. O Magazine Luiza, uma das primeiras redes de varejo do país a ingressar no programa --Lojas Americanas aguarda aprovação para aderir--, começou a comercializar os PCs em 18 de dezembro e ao final do mês registrou vendas de 13.600 unidades, das quais entre 80 a 90 por cento foram para clientes das classes C e D.
A empresa vendia antes do programa do governo 5 mil computadores por mês e inicialmente esperava distribuir 50 mil PCs do projeto este ano. Agora, a expectativa é de 120 mil unidades. "Foi um recorde inimaginável. Fizemos já 3 reposições em cima do primeiro pedido inicial", disse o gerente do núcleo de compras de informática do Magazine Luiza, Marcelo Neves. Ele acrescentou que para janeiro a março, a rede fez pedidos de entre 15 mil a 20 mil PCs do projeto por mês.
PODERIA SER MELHOR A Positivo Informática, maior fabricante de computadores do país e credenciada no "PC para Todos" junto ao MCT, já percebe uma mudança em suas vendas. Até outubro de 2005 entre 3 e 4 por cento das vendas da companhia eram de computadores com Linux. Após novembro, a participação subiu para mais de 10 por cento, encerrando próxima de 20 por cento ao final de dezembro, disse o diretor de marketing da companhia, João Marcelo Alves, sem revelar números. "As vendas estão indo bem (...) a demanda poderia ser ainda maior se o esforço de comunicação do governo federal tivesse sido mais efetivo." Mesquita, do Serpro, admite os problemas e afirma que até agora foram concedidos um total de 1,75 milhão de reais em financiamentos por parte dos bancos oficiais Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Créditos de cerca de 300 milhões de reais que foram disponibilizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) para que varejistas participem do programa oferecendo juros baixos estão sendo usados, por enquanto, apenas pelo Magazine Luiza, disse Mesquita, já que o banco não permite o ingresso de empresas com capital estrangeiro.
"O governo está estudando a possibilidade de modificar isso", afirmou. Segundo a pesquisa divulgada no final de novembro pelo CGIBr/Ipsos, 68 por cento dos cerca de 180 milhões de brasileiros nunca usou um computador em casa e somente 13,8 por cento usam um PC diariamente. MICROSOFT DE OLHO EM INCLUSÃO Atentos a essa população não atendida, companhias mundiais de tecnologia que ficaram de fora do projeto "PC para Todos" por usarem software proprietário preparam iniciativas que barateiam o preço de computadores. Entre elas está a Microsoft, que testa um modelo de venda de computador pré-pago que será seu primeiro no mundo.
Em piloto realizado com o Magazine Luiza em agosto, 1.000 computadores foram comprados em três dias, cada um em 25 parcelas de 29,90 reais. Novos testes devem acontecer entre fevereiro e março e a expectatica é a finalização de um modelo de negócio em junho, disse Neves, da rede de varejo. Apesar de não confirmar o cronograma, o coordenador do projeto da Microsoft no Brasil, Alexandre Leite, informou que a intenção da empresa é vender o computador pré-pago em larga escala no país.
A máquina do projeto usa uma versão especial do sistema operacional Windows XP. Após um determinado número de horas, o usuário precisa comprar cartões com créditos para continuar usando o equipamento. Depois de "recarregado" algumas vezes, o PC pode ser usado continuamente. "Eu acho que estamos no começo da inclusão digital (no Brasil). E as perspectivas são bastante positivas", disse Leite.
Fonte: Serpro
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