terça-feira, fevereiro 14, 2006

Software Livre - Por que um pouco de marketing talvez não seja assim tão mau




Fonte : noticiaslinux.com.br





A "onda" do software livre nos atingiu há algum tempo. Mas há de se questionar: vamos ficar por aqui, com o que já foi mostrado, ou evoluiremos realmente para uma nova forma de computação? As prometidas vantagens do software livre se realizarão algum dia?

A tecnologia da informação vem cumprindo importantes papéis nas empresas e, consequentemente, no sistema econômico há, pelo menos, cinco décadas. A pronta oferta de soluções estratégicas tem sido uma característica marcante do segmento, provocando ate mesmo confusões e erros decisórios por parte de grandes empresas em momentos importantes. São atestados desta afirmação os "célebres casos" do ERP, CRM, Data Warehouses, sistemas de apoio a decisão, entre outros.

Crendo no software livre como potencial, temo que, tomando-o apenas por uma mera "solução", novo evento daquele tipo ocorra e relevantes oportunidades sejam irremediavelmente perdidas, quando estes não entregarem rapidamente seus resultados. Por isso considero importante verificarmos melhor os tais resultados a que podemos chegar, observando tanto do ponto de vista técnico quanto do usuário, utilizando as recomendações da gestão de marketing para tal.

Uma questão que se coloca é identificar o software livre apenas como uma solução eventual, em resposta momentânea numa empresa, pensando-o exclusivamente em termos técnicos como um software que encerrasse suas possibilidades em seu próprio uso, esquecendo-se dos benefícios traduzidos aos usuários, em termos de vantagens na condução dos empreendimentos. Tal abordagem limitada é própria dos segmentos inovadores, principalmente aqueles que guardam associação com uma nova tecnologia, como sempre ocorre com a computação.

Dialogando com freqüência com alunos e pesquisadores de área gerencial, verificamos a noção que a tecnologia da informação aparenta voltar-se para dentro de si mesma, com processos pouco transparentes e isolados da agregação de valor ao cliente, objetivo de toda a ação empresarial nos modernos mercados.

O software livre, com o constante fascínio causado pelo seu desenvolvimento e uso ainda enfrenta este fato. O freqüente desconhecimento de suas características e recursos, numa abordagem voltada para negócios e não para a técnica em si, é geralmente demonstrado pelos decisores, gente de meio empresarial interessada na informação e conhecimento em todos os seus aspectos visando à imediata aplicação.

Primeiramente deve-se considerar que, salvo os casos de produtores de software para usos muito específicos, todo programa de computador existe para coletar, refinar, tratar / processar dados e informações, principalmente no intuito de gerar conhecimento. Mercadologicamente (ou seja, bem no espírito do marketing) deve ser perguntado: o que espera o usuário do sistema em termos de seu uso final e qual fato gerou esta expectativa? Estas questões corresponderiam aos pontos de um projeto de marketing destinado a avaliar a oportunidade da solução e quem seria o seu público alvo, essenciais para pensar a confecção do produto, permitindo que o maior benefício seja percebido pelo cliente (valor agregado).

A concepção subseqüente do produto (o sistema propriamente dito) é elaborada com maior precisão, notando-se aqui que os princípios de desenvolvimento de sistemas atualmente em voga - orientação por objetos, manutenibilidade do código, segurança, transparência, processo construtivo, entre outros - tem plenas condições de exercício nas varias plataformas disponíveis como software livre. Desta forma, sugere-se que tais ambientes de desenvolvimento poderão plenamente corresponder às idéias de projetistas orientados ao mercado, que buscarem entregar aos seus clientes ferramentas informacionais adaptadas as suas necessidades em termos de fluxos e formas aprimoradas de tomada de decisão.

Nestas condições, se analisadas sob a ótica do marketing, podemos argumentar, ao largo das capacidades e recursos técnicos das plataformas de licenciamento livre, que - mercadologicamente falando - produtos e soluções mais adequadas as necessidades dos clientes serão construídas, agregando valor aos seus produtos e serviços finais.

Ainda devem ser avaliados de forma fria, distante da euforia e imediatismo provocados pelos anúncios imaturos do software livre, dois aspectos decisivos num projeto para mercado - preço e distribuição. Sob o ponto de vista tecnológico, ambas as avaliações recairão nas discussões sobre o valor dispensado pelos mecanismos de licenciamento (como exemplo a GPL - General Public License), bem como os valores envolvidos na implementação final das soluções projetadas, tema que provoca debate feroz, com inegável objetivo de disputa de mercado, entre empresas como a Microsoft e os projetistas que trabalham com software livre. Recomendo ao leitor a consulta dos "cases" listados na imprensa e nos próprios sítios Internet dos principais competidores para que forme sua opinião sobre este embate.

Finalmente reforça-se a atenção para a agregação de valor ao produto ou serviço, tratando-se de atender aos reais interesses dos clientes, abstraindo de recursos e aparentes vantagens tecnológicas que nada lhe traduzem, naquele comportamento já comentado como cíclico em segmentos de inovação. Cabe direcionar os recursos existentes para o desenvolvimento de soluções versáteis, flexíveis e facilmente adaptáveis, que se traduzirão em vantagem observada de forma perene pelos clientes finais.

São, portanto, várias oportunidades e até mesmo obrigações para os profissionais de tecnologia da informação em aplicar o marketing – considerando-o em sua essência, e não apenas a comunicação ou publicidade, na verdade um dos importantes componentes no projeto de mercadologia de um novo produto ou serviço – para um produto ou serviço de base tecnológico.

Concluindo esta visão preliminar do marketing para produtos e serviços baseados em software livre, proponho ao profissional de área tecnológica que não deixe de perceber as reais situações de mercado e necessidades dos usuários finais na construção de produtos e serviços que aparecem no esteio do conhecimento desenvolvido. No caso do software livre há muito ainda para ser dialogado entre projetistas e público usuário final, para que se tire proveito deste valioso momento tecnológico.

Postada por: George Leal Jamil <gljamil2005(at)gmail.com>




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