23 de Maio de 2009 - 12h47 - Última modificação em 23 de Maio de 2009 - 13h22
Cientistas vão discutir projeto que busca conhecer a energia escura do universo
Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Um componente que seria responsável pela aceleração da expansão do universo, a energia escura, será o principal tema de uma reunião internacional do Dark Energy Survey (DES), que, em tradução livre, significa Mapeamento de Energia Escura.
O evento será realizado no Observatório Nacional (ON), no Rio de Janeiro, em parceria com o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), a partir de segunda-feira (25).
O DES é o maior projeto de investigação da energia escura, elemento que constitui 70% do universo e é, hoje, um dos maiores mistérios da física. Dele, participam vários pesquisadores brasileiros. A palavra escura é usada porque a energia escura é algo cuja natureza é desconhecida, mas sabe-se que ela cobre grande parte do cosmo.
O evento é realizado a cada semestre e esta é primeira vez que ocorre no Brasil. Na oportunidade, os cientistas trocarão experiências e vão relatar os estudos brasileiros para o projeto do Mapeamento de Energia Escura.
Haverá também um ciclo de palestras sobre o tema, de acesso gratuito para o público em geral, com o objetivo de mostrar esse campo da ciência, já que 2009 foi eleito o Ano Internacional da Astronomia.
Definir o que é a energia escura e como ela afeta a expansão do universo é uma das grandes indagações da física, segundo o astrofísico do ON Márcio Maia, que coordenará a reunião internacional do DES no Brasil.
“A energia escura e a matéria escura são os dois pontos da astronomia sobre os quais a gente tem maior desconhecimento dentro da cosmologia”, disse. A energia escura, explica o físico, foi descoberta há 11 anos, dentro do conteúdo de matéria e energia do universo. “E, se acredita que ela seria responsável por uma aceleração na expansão do universo”, completou.A partir de 2011, o DES iniciará o mapeamento de uma área do céu próxima ao Polo Sul, de elevadas dimensões. Em função de sua magnitude, está sendo construída uma câmera de alta eficiência, que será instalada em um telescópio de quatro metros do Observatório Internacional de Cerro Tololo (CTIO), no Chile.
De acordo com Maia, o objetivo desse mapeamento é chegar às respostas que a astronomia ainda não tem sobre a energia: o que é, do que é constituída e qual a sua variação ao longo da história do universo.
O projeto visa a “conhecer melhor o céu e, por meio disso, a gente pode colocar alguns vínculos do que poderia ser essa energia escura, o comportamento dela e como evoluiu com o tempo”. Maia disse que um gás produzindo uma antigravidade pode ser considerado como um efeito da energia escura. “E essa energia escura tem a propriedade de fazer o espaço se expandir”, explicou.
Segundo o astrofísico do ON, o projeto brasileiro é o que apresenta maior chance de impacto. “Porque ele vai envolver observações muito fundas no céu, em uma grande área. Então, nós vamos ter amostragem estatística para cercar melhor as propriedades que se atribuem a essa energia escura.”
Maia informou, ainda, que o projeto permitirá estudar a galáxia e as populações de estrelas. “A amplitude do projeto é muito maior, embora o esforço principal seja resolver a questão da energia escura.”
Além da parte científica, a participação brasileira no DES se dá pelo desenvolvimento de softwares, programas de computador para análise de imagens, gerenciamento de banco de dados e transferência de dados pela internet com velocidade e eficiência.
Isso, conforme destacou Maia, vai trazer know-how para o Brasil. “Tem toda uma tecnologia de ponta associada, que a gente acaba capitalizando”.
Durante a reunião internacional do DES, será preparado um relatório do andamento das preparações para o Mapeamento de Energia Escura, cuja conclusão está prevista para 2016, com a liberação dos primeiros dados.
Márcio Maia disse que as análises terão prosseguimento após essa data e que as imagens obtidas no projeto poderão ajudar a ter uma visão mais nítida de estrelas cuja visão seja fraca em um determinado ano para que, assim, essas estrelas possam ser melhor estudadas nos anos seguintes.
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