9 de Outubro de 2008 - 18h03 - Última modificação em 9 de Outubro de 2008 - 18h03
Cerca de 87% dos jovens e crianças não possuem restrições para acesso à internet , diz pesquisa
Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Cerca de 87% dos internautas de 5 a 18 anos não possuem restrições ao uso da internet e 63% dos pais não impõem regras para o uso que seus filhos fazem da rede. Os dados fazem parte de uma pesquisa divulgada hoje (9) na capital paulista pela organização não-governamental SaferNet, responsável pela Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos, que atua em parceria com o Ministério Público Federal de São Paulo. O estudo contou com a participação de 1,4 mil crianças, jovens e pais de todo o país.
Segundo os dados, 64% dos jovens que responderam à pesquisa usam a internet no próprio quarto, 38% relataram já ter sido vítima de algum tipo de agressão ou humilhação pela internet, o chamado cyberbullying, e 10% disseram já ter sido vítima de chantagem online. A respeito do tempo que podem ficar na internet, 77% dos entrevistados afirmaram não possuir limite e 55% reconheceu que fica tempo demais na rede.
O diretor de prevenção e atendimento da SaferNet Brasil, Rodrigo Nejm, destacou que o uso do computador pelas crianças e adolescentes no quarto contraria todas as dicas básicas de segurança na internet. “Crianças e adolescentes precisam e podem usar a internet, mas em área comum da casa, o contrário do que tem acontecido”.
Ele destacou também que o limite do tempo de navegação diminui conforme a idade aumenta, mas que há poucos limites inclusive para os que começam a usar a rede ainda muito cedo. “Muitas crianças começam a usar a internet com 5 anos e desde essa idade não há regras. O que ela vai vivenciar nesse período é muito preocupante”.
Os dados mostram ainda que 80% dos jovens internautas preferem sites de relacionamento, 27% disseram já ter encontrado com amigos que conheceram pela internet e 65% foram a esses encontros sozinhos, sem o conhecimento dos pais. Com relação aos dados pessoais, 72% dos jovens publicam suas fotos, 51% divulgam nome e sobrenome, 61% compartilham a data de aniversário e 21% fornecem o nome da escola ou clube que frequentam.
Nejm dá um alerta aos pais: “a questão não é proibir, é orientar. Ninguém deixa os filhos saírem sozinhos na rua à noite sem saber onde e com quem vão, o que vão fazer, a que horas voltam. Só que na internet vemos que não é esse o mesmo quadro”.
O diretor da SaferNet reforçou que colocar filtros, programas espiões ou que barrem a utilização de determinados sites ou mesmo tirar o acesso à internet não soluciona o problema, mas o que os pais e educadores precisam de diálogo permanente com as crianças e jovens. “Como os pais davam dicas para as crianças não receberem balas, doces, caronas nem convites de estranhos na porta da escola, tem que atualizar essas dicas permanentemente. Ou seja, não receber e-mails, fotos, não aceitar convites, não enviar fotos pela internet.”
“Os pais não precisam ser experts em tecnologia, precisam ser pais, responsáveis pela proteção e isso significa orientar, dialogar, indicar que há perigos na internet como todo espaço que está sujeito a ação de pessoas com boas ou más intenções. Os pais têm que estar disponíveis para que os filhos busquem ajuda neles”.
Para mais informações ou denúncias de abusos na internet, basta acessar o site da SaferNet.
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