Agência Brasil ganha Prêmio Vladimir Herzog por webdocumentário interativo
Brasília - O webdocumentário interativo Nação Palmares, produzido por profissionais da Agência Brasil, foi anunciado hoje (16) como o vencedor da 30ª edição do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, na categoria Internet. Organizado de forma coletiva, o documentário traz reflexões sobre a questão quilombola no país - a partir da comunidade Linharinho, no norte do Espírito Santo.
No ar desde outubro do ano passado, o documentário é uma experiência de hipermídia, já que permite ao leitor/espectador diversas formas de lidar com as reportagens em vídeo, áudio e texto. Para isso, foram necessários três meses de trabalho intenso dos coordenadores do projeto e da equipe.
Para André Deak, então editor da agência e premiado nominal pela reportagem, a premiação deve ser compartilhada com todos.
“Esse é um prêmio de um trabalho realizado em equipe, não para uma pessoa só. É o reconhecimento de um trabalho realizado durante vários anos pela reestruturação de uma área multimídia, da interação com a televisão”, conta Deak.
O jornalista orgulha-se de ter participado da mudança do conceito de jornalismo na agência, que, na última gestão da Radiobrás (incorporada à Empresa Brasil de Comunicação em junho deste ano), passou a dar espaço à sociedade civil no noticiário.
“Foi o último trabalho que publiquei, na Agência Brasil, e ficamos muito felizes porque é um trabalho bem feito, de apuração complexa e resultado de uma briga pela 'deschapabranquização' [deixar de veicular apenas notícias sobre o governo e favoráveis a ele] do noticiário, que antes era muito mais estatal e passou a ser visto muito mais como público”, defende.
A idéia de realizar um documentário para a internet, com recursos de hipermídia - que permitam ao usuário, durante a exibição de um vídeo, clicar em ícones que remetam a outras informações -, surgiu com a formatação, meses antes, da reportagem Consumo Consciente, que já reunia alguns desses recursos. Em Nação Palmares, eles passaram a ser mais utilizados.
“Na internet, você tem uma frase e, de repente, você pode clicar em uma palavra e ela te permite chegar a um outro texto através de um link. Experimentamos isso num vídeo e criamos o hipervídeo”, diz.
“Tivemos a chance, como equipe, de fazer experiências que talvez só uma empresa pública proporcione. Você não está vinculado a questões como audiência, totalmente. Lógico que faz coisas para serem vistas, mas pode experimentar muito mais”, conclui.
Receberam menção honrosa, Lucio Lambranho, do Congresso em Foco (DF), com Vida e Morte Correntina; e Juliana de Melo Correia e Sá, do JC On Line (PE), com Violência Velada. Na categoria Jornal, Mário Magalhães e Joel Silva, da Folha de S.Paulo, sucursal do Rio, ganharam com Os anti-heróis, o submundo da cana.
O jornalista tem um blog na internet, no qual apresenta um making of do Nação Palmares, da concepção à finalização. Para ler o texto, clique aqui.
Participaram da elaboração do webdocumentário os seguintes profissionais: André Deak, Danielle Pereira, Juliana Cézar Nunes, Mário Marco, Rodrigo Savazoni, Spensy Pimentel e Yasodara Córdova.
Em 2006, a Agência Brasil recebeu menção honrosa do Prêmio Vladimir Herzog pelo trabalho da jornalista Thais Brianezi, que relatou a saga pela criação de duas reservas extrativistas no interior da Amazônia. No mesmo ano, o repórter Paulo Machado foi o vencedor do Prêmio Caixa de Jornalismo Social com a reportagem A Ameaça do Agrotóxico.
Este ano, a Agência Brasil foi finalista do mesmo prêmio com a reportagem Terra Dividida, do jornalista Marco Antônio Soalheiro. O material detalha os conflitos na Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR).