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Em artigo para o periódico Advertising Age, especializado em mídia e publicidade, o editor-executivo da revista, Jonah Bloom, recorre a uma entrevista dada pelo ex-editor do Financial Times, Andrew Gowers, para discutir o futuro do jornal impresso. A frase de Gowers, ao deixar o Financial Times depois de 22 anos, foi: "Trabalhar na imprensa escrita, pura e simplesmente, é o equivalente no século 21 a dirigir uma empresa fonográfica especializada em discos de vinil."
Segundo Gowers, os proprietários de jornais ainda não perceberam o poder da internet.
Para Bloom, porém, a questão vai além. Segundo ele, com as constantes dispensas de jornalistas que vêm ocorrendo nos EUA, fica difícil ignorar a pergunta: "Será que fenecerão as organizações noticiosas centradas na palavra impressa?"
A resposta óbvia, diz Bloom, é que a maioria se sustentará convertendo-se em organizações digitais. E volta a citar Gowers: "Os jornais que sobreviverão serão aqueles que produzirem conteúdo verdadeiramente original e aprenderem rapidamente como traduzir isso na nova mídia."
Segundo Bloom, porém, o problema com esta transição de árvores para bytes é que a receita da maioria dos sites de editoras na internet não chega nem perto de sustentar a coleta de notícias e as organizações de conteúdo construídas sobre os alicerces do anúncio impresso. Mas, para Gowers, no ritmo em que o dinheiro migra para a web, logo alguns sites conseguirão suportar as infra-estruturas de criação de conteúdo existentes.
Segundo Bloom, a resposta mais provável para a adaptação das empresas atuais ao novo mundo está numa mudança por atacado no modelo e na mentalidade do jornalismo. Rafat Ali, que comanda o Paidcontent.org - site dedicado a novos modelos de mídia - é um defensor deste Jornalismo 2.0. No mundo descrito por ele, os editores parariam de desperdiçar recursos ordenando aos repórteres que recriassem as reportagens existentes, em vez disso aceitando que parte do papel de seus sites é agregar o conteúdo mais relevante. Isso liberaria tempo para os jornalistas se aprofundassem em reportagens genuinamente originais.
Ali acredita, também, que os jornalistas terão de ser treinados para criar conteúdo multimídia. "Alguns dos repórteres de empresas noticiosas pontocom têm pedido câmeras para criar conteúdo de vídeo, e seus chefes então respondem: 'Não, temos compromissos e questões sindicais'. Mas, se eles não o fizerem, alguém mais o fará".
E, é claro, há a promessa do conteúdo gerado pelo usuário. "Cada vez mais, os editores se transformarão em curadores, eles terão software que os ajudará a filtrar conteúdos, mas também farão triagem, analisarão e contextualizarão um volume de conteúdo entrante".
Fonte: O Estado de são paulo
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