Os aficionados por antigos games como o Pac Man, da Década de 80, nunca imaginariam a evolução que os jogos eletrônicos poderiam atingir nos dias de hoje. Em decorrência da tecnologia de captura de movimento (mocap) para a animação de personagens, hoje é possível driblar adversários como Ronaldinho Gaúcho (Fifa Soccer), animar um personagem com movimentos de uma pessoa real, como acontece nos filmes Avatar e Senhor dos Anéis, ou desenvolver estudos de biomecânica para o aperfeiçoamento de esportistas.

O curso superior de tecnologia em Jogos Digitais da universidade FUMEC é o único do Brasil que utiliza a técnica de captura de movimentos para animar personagens e apoia o desenvolvimento de uma solução própria, em parceria com a UFMG. O projeto de desenvolvimento do sistema de captura de movimento é coordenado por João Victor Gomide, com a colaboração do desenvolvedor David Lunardi Flam e do coordenador do Núcleo de Processamento Digital de Imagens da UFMG, prof. Arnaldo de Albuquerque.Gomide conta que a ideia surgiu quando trabalhava como finalizador de efeitos numa emissora de tevê, há dez anos, realizando estudos preliminares para aplicação da técnica de animação dos personagens do Sítio do Picapau Amarelo, mas, optaram por fazer o trabalho em Nova Iorque, já que no Brasil não havia ninguém com experiência nessa tecnologia. Ao retornar para Belo Horizonte e a carreira acadêmica, procurou parcerias para desenvolver o projeto que, inicialmente, era um produto comercial. Posteriormente, com a colaboração do desenvolvedor David Flam, decidiu-se abrir o código do aplicativo. Atualmente, o sistema é um software livre, que está em operação e aprimoramento.

O coordenador do curso de Jogos Digitais afirma que o impacto da iniciativa não está restrito ao setor de games. “Hoje, a tecnologia mocap é usada em diversas áreas como cultura, cinema e televisão; saúde, em tratamentos de doenças como Mal de Parkinson e, no aprimoramento dos treinamentos esportivos, como feito pela equipe australiana nas últimas Olimpíadas. Além disso, a relevância do projeto é grande devido ao fato de não existir mundialmente um software livre com a mesma funcionalidade. Em se tratando de mercado nacional, o impacto pode ser ainda mais direto, gerando melhorias em produções audiovisuais. Estudos como esse são pioneiros no Brasil e, praticamente, não há um histórico de pesquisa na área de animação”, avalia.

O projeto em desenvolvimento na FUMEC foi denominado de “OpenMocap” pela característica de livre acesso. A técnica mais utilizada para captura de movimentos consiste na utilização de marcadores, posicionados nas articulações da pessoa, para captar os movimentos. Essa captação pode ser feita por três métodos: mapeamento do campo magnético, por inércia ou por câmeras. No caso do OpenMocap, o método usado é de câmeras por garantir mais liberdade para o movimento. “Leds de infravermelho iluminam o set e, na frente da câmera, é colocado um filtro para o infravermelho, permitindo que o equipamento de imagem mapear as coordenadas e segui-las ao longo dos quadros do vídeo”, explica Gomide.

O projeto tem o apoio da FAPEMIG, do Conselho Nacional de Desenvolvimento de Pesquisa Científico e Tecnológico (CNPq), da Funarte e da própria Fumec. Atualmente, os pesquisadores trabalham no aprimoramento do sistema que está pronto para seu lançamento em um portal da web em dezembro.

Fonte: http://goo.gl/DSL9D