Para começo de conversa, Don Tapscott, autor de best-sellers como Growing Up Digital, Grown Up Digital e Winkinomics, acredita que a letra Y seja muito pouco para descrever aquela que prefere chamar de Geração Net. Estudioso do comportamento dos jovens nascidos entre 1977 e 1997, Tapscott descreveu as atitudes e características do típico representante da Net Generation durante sua participação nesta quarta-feira, 09/06, no Congresso Ciab Febraban 2010, que acontece na capital paulista.

Segundo ele, esse jovem possui oito características comportamentais e atitudes que o diferenciam dos demais profissionais. O valor à liberdade de escolha e a preferência por serviços customizados conforme suas preferências fazem parte deste perfil. Além disso, eles são naturalmente colaboradores, prezam a transparência - seja da empresa, seja do indivíduo -, admiram valores morais e de integridade, tem a inovação e a velocidade como fio condutor de suas atividades e querem, acima de tudo, se divertir.

O desejo de diversão independe do ambiente que estão, incluindo o ambiente de trabalho. "Significa que as empresas que não se ajustarem para atender essa geração correm o risco de ficar para trás", afirma Tapscott. "O modelo tradicional de contratação, treinamento e retenção de profissionais ficou no passado", diz o especialista.

"Até algum tempo atrás, trabalho era trabalho e lazer, lazer. Hoje é preciso integrar tudo. O jovem quer se divertir inclusive no ambiente de trabalho", garante Tapscott, que conduziu uma pesquisa de US$ 4 milhões junto a 11 mil representantes da Geração Net em dez países, incluindo o Brasil.

Para os jovens, trabalho, colaboração, aprendizado e entretenimento são sinônimos. Mais do que recrutar e treinar, hoje é preciso se relacionar e envolver os novos profissionais. “A contratação e retenção dos jovens talentos deve ser orientada pela colaboração", alerta.

Tapscott diz que é um grande erro das empresas proibirem o acesso a ferramentas sociais e colaborativas, como MySpace, Facebook, Twitter, Youtube... "As empresas deveriam utilizar esses recursos como sistema operacional de seus negócios. Ao impedirem o seu uso, as organizações mostram que não entendem a cultura dos jovens e, o que é pior: não confiam neles e tampouco acreditam em compartilhamento e colaboração", observa o especialista.

Tapscott acredita que a sociedade vive atualmente um momento de mudanças e que é preciso quebrar o paradigma de que o jovem sabe menos. Isso envolve conflitos, confusões e incertezas, mas são novos paradigmas que corrigem os erros daqueles que foram nomeados líderes no passado.

"O maior erro é acreditar que a internet e a imensa quantidade de informações 'emburrece' os jovens. É o contrário. Eles não deixam de estudar, se informar ou formar valores morais por conta disso. Na verdade, o fazem de maneira diferente, e muito mais inteligente."

por: Fernanda Ângelo

Convergência Digital - Cobertura Ciab Febraban 2010

* fonte: Convergência Digital