Indústria de PCs prepara-se para crescimento de até 30% em 2010March 26, 2010, by Luis Henrique Silveira - No comments yetViewed 201 timesEquipamentos: Demanda por portáteis e consumo da classe C estão entre os principais impulsores
Nada como um dia depois do outro. No fim do ano passado, as projeções da indústria de computadores indicavam uma queda de mais de 10% nas vendas de micros de mesa e equipamentos portáteis em 2009. Para fabricantes e varejistas, o que se avizinhava era um cataclismo capaz de encerrar o ciclo de crescimento acelerado iniciado em 2005, quando o governo federal reduziu os encargos fiscais sobre a produção das máquinas, um fator determinante para a derrubada dos preços no setor.
Passados 12 meses, não há nem sombra desse cenário. Projeções mais recentes mostram que 2009 terminou com uma retração bem mais suave, por volta de 6%. E, o que é melhor, 2010 será um ano de forte retomada. As estimativas indicam taxas de crescimento que variam de 12% a 30% no número de unidades que serão vendidas no país.
A consultoria IDC, especializada na área de tecnologia da informação, estima que as vendas vão chegar a 12,7 milhões de máquinas em 2010. Na Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), a projeção é de 14 milhões de unidades. Independentemente das variações possíveis, a fabricante de chips Intel calcula que o Brasil tem condições ultrapassar o Japão e a Alemanha já no ano que vem, tornando-se o terceiro maior mercado de computadores do mundo. O país ocupa atualmente a quinta posição no ranking.
Essa participação crescente do Brasil, apesar do cenário de crise mundial, não passou despercebida pelos grandes fabricantes mundiais de computadores. Segundo Ivair Rodrigues, analista da consultoria IT Data, 87 empresas contam com isenção fiscal do Processo Produtivo Básico (PPB) para montar equipamentos no país. Há cinco anos, eles eram 38. Em 2009, a lista foi engrossada pela Acer, Asus e Samsung. As três companhias, que não tinham nenhum tipo de fabricação local de PCs, anunciaram planos para trazer suas linhas de produção, próprias ou por meio de terceiros. Hoje, entre os grandes fabricantes mundiais, só Apple e Toshiba (que participa no país da joint venture Semp Toshiba) ainda não montam máquinas no país.
O ritmo de expansão do setor de computadores é ditado por uma combinação de fatores. No chamado mercado de consumo - que engloba os computadores usados em casa e pequenos escritórios -, as oportunidades de crescimento continuam concentradas nas classes C e D. Esse consumidor, que está comprando o primeiro computador da família, v em sustentando boa parte das vendas nos últimos anos, mas representa um filão que permanece longe da exaustão para os fabricantes.
Dos 23 milhões de lares de famílias da classe C, apenas um quarto possui computadores, segundo a IDC. Na classe D, o cenário é ainda mais crítico: só 3% dos consumidores nessa faixa já compraram seu PC.
Fabricantes e varejistas estão atentos a esse tipo de público, com a oferta de computadores mais acessíveis e crédito facilitado. Na Positivo Informática, maior fornecedora de computadores do país, essa camada da população já representa entre 6% e 8% das vendas de micros de mesa ou desktops.
Os clientes empresariais, que seguraram as compras na maior parte de 2009, já começaram a pisar no acelerador novamente. Um estudo feito pela IDC com 20 grandes bancos mostra que 60% dessas instituições planejam aumentar seus orçamentos de tecnologia da informação (TI) em 2010. É uma força considerável: juntos, os bancos consultados representam mais de 70% dos gastos em TI do setor financeiro, de acordo com a consultoria.
"Muitas empresas não fizeram a renovação do parque para ver o que ia acontecer em 2009", diz Raymundo Peixoto, diretor-geral da Dell. Quem represou as compras para o ano que vem vai encontrar produtos com preços mais baixos, já que o mercado está ganhando escala, avalia o executivo. A renovação dos benefícios da Lei do Bem, ocorrida no começo de dezembro, vai ajudar a manter a tabela de preços, afirma Peixoto.
A estimativa é de que a isenção da cobrança de PIS e Cofins - renovada por mais quatro anos - tenha reduzido em pelo menos 15% o preço dos equipamentos desde que a então MP do Bem entrou em vigor, em 1995.
Para a Hewlett-Packard (HP), os setores de saúde e educação são dois mercados que devem apresentar uma forte demanda no mercado empresarial, diz Renata Gaspar, diretora de marketing da área de computadores da companhia. As expectativas também são positivas em relação às compras públicas. Segundo Cláudio Vita, vice-presidente comercial da Itautec, o ano de eleição deverá acelerar uma série de aquisições por parte do governo, em suas três esferas.
Segundo dados da Abinee, a base instalada de computadores no Brasil pode chegar a 65 milhões em 2010, com um aumento de 12% no faturamento do setor, para R$ 39,5 bilhões.
Levando em consideração as vendas tanto para os consumidores residenciais como para as empresas, os desktops continuarão a representar a maior parte dos negócios, com 55% das vendas contra 45% dos computadores portáteis - ou seja, notebooks e netbooks (equipamentos ainda menores, de tamanho e recursos reduzidos).
Eliminando o investimento das companhias, entretanto, a proporção se inverte, afirma Luciano Crippa, da IDC. As classes A e B, que compraram seus computadores há bastante tempo, estão migrando cada vez mais para os notebooks e netbooks, explica o analista. Além disso, a parcela da classe C que comprou sua primeira máquina entre 2005 e 2006, depois da Medida Provisória do Bem, também começa a adquirir computadores portáteis.
Os notebooks foram os principais responsáveis pelo crescimento de 8,5% no segmento de consumidores residenciais no terceiro trimestre, quando foram vendidos 2 milhões de equipamentos, um recorde em vendas no varejo nesse período, de acordo com a IDC.
O segmento de portáteis, cujas máquinas apresentam preços mais altos por conta dos custos de miniaturização, entre outros itens, está atraindo o interesse de muitas companhias que se mantinham distantes do mercado brasileiro de computadores. É o caso da Samsung. A companhia, que chegou ao mercado brasileiro exclusivamente com notebooks e netbooks, espera sair do zero para conquistar um lugar entre os 10 maiores fornecedores já em 2010, diz Ronaldo Miranda, diretor de produtos de tecnologia da informação (TI) da empresa.
A briga não será fácil. "O ano de 2010 será decisivo para o nosso plano de expansão", diz Marcel Campos, gerente de marketing da Asus no Brasil. Segundo o executivo, a empresa vai investir na oferta de netbooks e trará ao mercado uma linha nova de notebooks, direcionada aos consumidores que gostam de áudio, vídeo e jogos eletrônicos. "O crescimento esperado pela matriz será um desafio e tanto para o time local", diz Campos.Por Gustavo Brigatto
Fonte Computerworld
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