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Microformatos: desconstruindo a web para conectar as informações online
(http://idgnow.uol.com.br/10anos/2007/10/03/idgnoticia.2007-10-03.7643700532)
Por Guilherme Felitti, repórter do IDG Now!
Publicada em 04 de outubro de 2007 às 07h00
São Paulo - Nova especificação se aproveita da estrutura das páginas para interconectar dados e serviços online, possibilitando a chegada da Web Semântica.
Tecnicamente, navegar na internet é consultar milhões de arquivos, como páginas, fotos ou links, armazenados em bancos de dados, criando a ordem que o usuário achar mais favorável.
Seu perfil dentro da sua rede social preferida é apenas mais uma página dentro de um grande inventário, do mesmo jeito que está notícia que você lê agora ficará armazenada entre milhares de outras publicadas pelo IDG Now! em seus mais de 10 anos de vida.
Desde a explosão da internet comercial, a maior interligação que estes diferentes bancos de dados tinham entre si era uma citação ou uma referência no formato de um hyperlink. Quando você gosta de um texto ou se emociona com um vídeo, você cria uma referência para o conteúdo.
Os cruzamentos que a integração entre estes diferentes bancos de conteúdo poderiam dar à internet um novo sentido que não apenas o atual apanhado de documentos eletrônicos sem ligação direta que precisam ser linkados entre si, em um dos aspectos da chamada Web Semântica explicada pelo criador do protocolo WWW ao IDG Now!, Tim Berners-Lee.
Ao invés de depender do trabalho constante dos usuários, por que não automatizar a maneira como diferentes bancos de dados lidam com informações que podem ser encaixadas em uma mesma categoria, como opiniões sobre um tema, conteúdo de um mesmo usuário e informações pessoais para cadastro?
O veículo para tal integração é uma especificação que já está sendo testada na internet e atende por Microformatos e, o melhor de tudo, aproveita a maneira como uma página é construída para designar rótulos que fazem estas interconexões.
Imagine, por exemplo, receber o convite para um almoço que tenha o endereço completo do apartamento de seu amigo, junto com as indicações sobre que bebidas levar, o horário para chegar e para qual telefone ligar caso ocorram dúvidas.
Na maneira como usamos a internet atualmente, você precisaria colar o endereço em um serviço de mapas, como o Google Maps ou o Live Search Maps, para ter as direções demonstradas graficamente ou cadastrar a data manualmente no seu calendário online.
Com os Microformatos, o serviço de e-mail ou navegador reconheceria o endereço por meio de um rótulo e o ligaria diretamente ao serviço de mapas. Para visualizar o roteiro, bastaria que o usuário desse um único click sobre o link.
Em uma comparação mais visual, a atual internet pode ser vista como um ambiente em duas dimensões, onde você navega por seus sites preferidos, faz referências por meio de hyperlinks e encontra seus amigos dentro de redes sociais.
Com a integração dos Microformatos, a página ganha um molde tridimensional, onde informações que podem ser aproveitadas por outros serviços online, como endereços, telefones, fichas pessoais de usuários e opiniões sobre assuntos, fazem, sem que o usuário se mova, ligações com outros rótulos similares.
Proposto em 2005 pelo programador e pesquisador Tantek Çelik apoiado por um lema que prega “usuários antes que as máquinas”, os Microformatos não passam de um novo processo de formatar dados já disponíveis em um site para dar-lhes sentido por meio de metadados.
Entre tantos significados, o prefixo grego “meta” representa algo que fala sobre si mesmo, o que nos leva a concluir que metadados são informações inseridas pelo usuário sobre os dados publicados na internet.
Ao invés de desenvolver uma nova linguagem que exigiria a recriação dos sites online, os Microformats funcionam como pequenas adições à linguagem amplamente usada XHTML que procuram dar sentido a determinadas informações dentro da página.
Ao criar uma apresentação pessoal para seu blog, é possível integrar, entre os comandos de XHTML, um protocolo em Microformato chamado de hCard, que carregará dados pessoais como nome, site, e-mail e endereço, criado online por meio de um simples formulário.
E quais os benefícios dos Microformatos? Em um suposto futuro em que a especificação estiver popularizada, o padrão ajudará a buscadores ou serviços online em geral a traçar relações entre conteúdos que contenham o seu nome.
Entre os nove protocolos específicos de Microformatos já prontos, estão contempladas tanto categorias de conteúdo, como cartão de apresentação (hCard) e eventos (hCalendar), como de elementos dentro da página, como indicações de listas (XOXO) ou relações sociais (XFN).
Na prática, os Microformatos criam uma linguagem padrão para que diferentes serviços online, sejam eles sites de notícia, blogs, comunidades de vídeo ou redes sociais, possam relacionar conteúdos semelhantes, sejam eles eventos, endereços ou pessoas.
O melhor exemplo prático que usuários do navegador Firefox podem ter atualmente da atuação dos Microformatos está na maneira como o add-on Operator interage com endereços que já suportam a tecnologia.
Ao encontrar algum dos nove protocolos citados acima integrados ao site, o add-on permite que o usuário relacione o conteúdo com outros aplicativos ou o misture com outros arquivos de maneira simples.
Tome como exemplo endereços ou eventos: ao localizá-los em um blog, por exemplo, o Operator permite que uma rota seja traçada no Google Maps ou que um novo lembrete seja criado no Google Calendar com um simples clicar de mouse.
O padrão ganhará um grande empurrão quando a Fundação Mozilla divulgar a versão final do navegador Firefox 3. Em visita ao Brasil, o evangelista da Mozilla, Asa Dotzler, se mostrou altamente entusiasmado com a idéia do browser suportar os Microformatos.
“Hoje, o Firefox já permite que você clice sobre um feed para que ele seja salvo automaticamente em um serviço online. Com o Firefox 3, você poderá fazer esta ligação com quase todos os dados online”, afirmou.
Por mais que soe exagerado para algo que começa a chamar atenção dos desenvolvedores agora, Dotzler tem razão quando defende que os principais beneficiados pelos Microformatos serão usuários sem qualquer intimidade com códigos.
Em seu blog, o designer da Mozilla, Alex Faaborg, publicou um post prevendo que, “no futuro, navegadores associarão informações encontradas na internet com determinadas aplicações, sejam softwares no seu sistema ou serviços online” ao explicar o padrão.
Se o futuro da internet já começou que Faaborg se refere é a maneira dos Microsoformatos encararem a internet como um emaranhado de pequenos dados congregados que podem ser mixadas, ele já começou.
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