O Governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, reafirmou a importância do uso de softwares livres na administração pública durante encontro realizado ontem,  5 de setembro, com blogueiros e jornalistas independentes no Palácio Piratini. A atividade fez parte do Seminário Crise da Representação e Renovação da Democracia, organizado pelo Gabinete Digital em resposta às recentes mobilizações realizadas no país, que continua durante o dia de hoje.

"Nossa orientação é maximizar o uso de softwares livres em todas as instâncias administrativas, políticas e de governo", frisou Tarso ao ser questionado sobre os próximos passos do Estado na adoção de soluções abertas para garantir a segurança fronte às repetidas denúncias de espionagem por parte dos Estados Unidos em órgãos brasileiros.

Para o secretário-geral de Governo, Vinícius Wu, as instituições públicas estão muito aquém dos desafios colocados aos políticos, no sentido de assegurar a sua soberania, independência tecnológica e reduzir a vulnerabilidade de informações. Entretanto, salienta que, apesar das limitações, o Rio Grande do Sul está fazendo esforços para colocar em prática a lei nº 14.009, que oficializa a preferência por padrões abertos em documentos do governo. "Os padrões proprietários colocam em risco a perenidade da segurança das informações e estamos trabalhando para que a implentação da lei seja rápida", afirmou.

A reestruturação da Companhia de Processamento de Dados do RS (Procergs) também é vista pelo secretário como uma ação para garantir a soberania tecnológica. "No nosso governo ela foi recuperada e colocada em um patamar que havia se perdido nos últimos anos. Desde o governo de Olívio Dutra, a empresa vinha em um processo de sucateamento.  Nós a estamos recuperando", disse.

Além da questão técnica, Vinícius salientou a necessidade de mudança cultural da administração pública e que é muito difícil trabalhar com muitos gestores que têm uma educação voltada a linguagens proprietárias. Para ele, o uso de tecnologias livres e o acesso aos dados públicos serão temas centrais da democracia no século XXI. "Esse não é um debate isolado, mas algo fundamental para a tecnologia e soberania do país nos próximos anos", concluiu.