O plano australiano de estender cabos de fibra óptica a 93% dos domicílios, garantindo conexões de 100 Mbps (as demais terão conexão sem fio de 12 Mbps) foi desde o início considerado ambicioso, mas mesmo seus mais entusiastas defensores jamais poderiam imaginar que ele seria crucial para a formação do novo governo do país.

Nas últimas duas semanas, prevaleceu o impasse por conta do resultado eleitoral de 21 de agosto. Nenhum dos partidos conseguiu maioria no parlamento, o que complicou a formação de um novo gabinete. É certo que vários assuntos influenciaram o resultado alcançado na quarta-feira, 8/9, mas a principal diferença entre os partidos é a posição de cada um sobre a estatal NBN, criada para gerir a construção e a operação da rede nacional de banda larga.

O Partido Trabalhista e os Verdes entendem a banda larga – especialmente via fibra óptica – como chave para o futuro da Austrália e, por isso, sustentam o investimento de AU$ 43 bilhões (R$ 65 bilhões), no projeto de 10 anos. Já o Partido Liberal defende o fim do projeto, a eliminação da NBN e, no lugar, a oferta de incentivos para tornar as conexões DSL mais acessíveis. Com o impasse nas eleições – nenhum dos partidos obteve a maioria de 76 cadeiras – ficou claro que a coalizão vencedora determinaria o futuro do plano australiano de banda larga.

O impasse foi superado pelos três parlamentares independentes eleitos. Um deles se alinhou com os Liberais, outro com os trabalhistas. O terceiro, Tony Windsor, representante da área rural australiana, ficou também com o Partido Trabalhista. “Há uma enorme oportunidade para os australianos do interior acessarem a infraestrutura deste século. Acho que uma oportunidade boa demais para ser desperdiçada”, disse o parlamentar em entrevista após a decisão.

Com isso, a coalizão liderada pelos trabalhistas garantiu a maioria com 76 votos – contra 74 da oposição – e, portanto, o direito de formar um novo governo. O resultado significa que a Austrália vai manter o plano de compensar a concessionária de telefonia Telstra em AU$ 11 bilhões (R$ 16,5 bilhões) pela posse da infraestrutura construída e pela substituição da rede de cobre. Com a conclusão do projeto, a NBN não vai se tornar provedor de acesso, mas garantir as conexões no atacado para que pequenos provedores possam competir pela oferta de serviço.

* Com informações da imprensa australiana

* fonte: Convergência Digital