Dentro da matriz de assuntos que serão tratados na Latinoware 2010 há um especial, que envolve a todos por sua extrema importância: educação. Neste ano a trilha de educação, capitaneada, mais uma vez, por Frederico Gonçalves Guimarães, contará com a presença de Bruno Coudoin, criador do GCompris, em sua primeira visita ao Brasil.

O GCompris oferece a assombrosa quantidade de 100 atividades, e outras estão sendo desenvolvidas. Ele é um software livre, o que significa que você pode adaptá-lo às suas necessidades, melhorá-lo e, o mais importante, compartilhá-lo com crianças de qualquer lugar do mundo. A Latinoware espera, com a presença de Bruno e de outros palestrantes, mostrar que o software livre está muito mais ao alcance de pessoas comuns do que se imagina. A entrevista que fizemos com Bruno ilustra bem isto, logo de início.

Latinoware: Bruno, entre muitas alternativas de desenvolvimento você decidiu escrever um bocado de código na linguagem C, para crianças. Por quê?

Bruno Coudoin: Bem, eu não gosto desta pergunta. As crianças não têm que  saber em qual linguagem foi escrito o software que elas estão usando. Esta pergunta é muito mais importante para os geeks que tendem a preferir uma ou outra linguagem. Dito isto, usar C e a biblioteca  gráfica GTK foi uma escolha natural quando comecei este projeto no ano 2000. Mais adiante adicionamos o suporte para a codificação de atividades na linguagem Python. Assim fica mais fácil adicionar conteúdos ao Gcompris.

LW: Agora você criou um modelo de negócios para o GCompris em sistemas operacionais proprietários. Chegaremos a ver o GCompris sem ser um software livre e aberto no Linux?

BC: O GCompris é, e sempre será, um software livre, independente da plataforma operacional. O que eu faço é distribuir uma versão de demonstração executável para Windows e MacOSX e, de fato, vender um código de ativação. Este truque não deve preocupar os usuários do GNU/Linux, primeiro porque eu faço isto para dar uma vantagem a eles, mas também porque são os empacotadores das várias distribuições, e não eu, quem distribui os executáveis do Gcompris.

LW: As crianças já passam muito tempo na frente dos computadores. Algumas atividades do GCompris são direcionadas para crianças que recém começaram a andar. Você não acha que devemos afastar um pouco as crianças desta enorme quantidade de tecnologia?

BC: Você está certo e eu não acho que o uso de computadores é a melhor ferramenta de ensino. Mas, como um defensor do software livre, eu não posso aceitar que apenas o software proprietário seja usado no ensino de nossas crianças. Hoje, depois dos muitos anos de sugestões de usuários de todo o mundo, eu tenho a certeza de que o GCompris é uma boa escolha para permitir às crianças a descoberta do uso do computador. Como software livre, elepermite que minorias culturais ensinem crianças em seus próprios idiomas.

* fonte: Latinoware 2010