2 de Dezembro de 2008 - 20h25 - Última modificação em 2 de Dezembro de 2008 - 20h25
Cerca de 92% dos usuários de computador tiveram máquinas invadidas no primeiro semestre de 2008
Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Cerca de 92% dos usuários de computadores no Brasil detectaram a presença de algum tipo de programa invasor em suas máquinas no primeiro semestre de 2008. O maior número de ocorrências, 60% dos casos, foram ameaças de captura de
informações bancária (login e senha).
No uso doméstico, das 10 principais ameaças detectadas no Brasil, sete foram de softwares maliciosos (malwares), considerados perigosos por serem capazes de capturar dados, e as outras três de softwares indesejados, que, apesar de mais inofensivos, atrapalham os usuários inserindo quadros e procedimentos mesmo contra sua vontade.
Os dados fazem parte de um estudo divulgado pela empresa Microsoft na semana passada e serviram de base para o debate entre especialistas na área realizado hoje (2), Dia Internacional de Segurança da Informática, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O levantamento mostra ainda que a quantidade total de softwares mal-intencionados e indesejados removidos de computadores em todo o mundo cresceu 43% no primeiro semestre deste ano e que os ataques ocorrem cada vez mais por meio de aplicativos (90%) e menos por meio de sistema operacional (10%).
Segundo o vice-presidente e diretor do departamento de Segurança da Fiesp, Igor Pípolo, a discussão de hoje é importante porque, apesar dos avanços tecnológicos, os usuários ainda não têm “educação” para utilizar os equipamentos de informática.
“Nós simplesmente abrimos e utilizamos até de maneira intuitiva sem nós darmos conta das nossas responsabilidades sobre a utilização”. Pípolo destacou que os impactos da utilização descuidada dos computadores têm sido sérios a ponto de as empresas perderem tanto em imagem, como em valores.
De acordo com o advogado especialista em direito eletrônico, Renato Opice Blum, o Brasil ainda não tem uma legislação adequada para coibir e punir os crimes de internet e a legislação existente cobre parcialmente 95% dos casos.
“Precisamos dentro dessa porcentagem melhorar a legislação existente para conseguir adequar a punição dessas condutas que acontecem pela internet para a realidade atual”.
Ele apontou como um dos “absurdos” da falta de legislação adequada para os crimes de internet o fato da invasão de um computador por parte de outra pessoa em esfera privada não ser considerado crime.
“Todos nós dependemos de computadores, das redes, dos sistemas e como é que nós podemos tolerar que essa conduta perante a nossa dependência não seja um crime? São essas lacunas que precisamos fechar”, afirmou.
Opice defendeu ainda harmonia na legislação dos principais países para evitar problemas que comprometam a velocidade dos tribunais em descobrir e quebrar sigilo dos provedores para identificar a origem da fraude.
"Nesse ponto eu faço um elogio aos tribunais brasileiros que conseguem identificar em 24 ou 48 horas. O problema não está na identificação, mas na repressão, em conseguir condenar a pessoa”.
O chefe da assessoria de Tecnologia da Informação do Departamento de Engenharia e Construção do Exército Brasileiro, João Rufino, ressaltou que a segurança na internet atualmente significa segurança social, das pessoas e da vida como um todo.
“Falar em segurança na internet atualmente é falar da necessidade que todos nós temos de nos precaver e ter nossa prevenção no ambiente de tecnologia da informação”.
Segundo Rufino é preciso tratar o espaço da internet como qualquer outro espaço de convivência. “Quando falar na internet veja se conhece com quem está falando. As ações necessárias à prevenção são pessoais. É importante haver uma grande conscientização social em torno do uso de tecnologia”.
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