Marco Galaz, diretor da everis Brasil, afirma que as operadoras devem desenvolver modelos de negócios focados em voz e dados.

Operadoras venderão serviços de comunicação e conteúdo

Na segunda reportagem da série “Vozes do Mercado”, do Portal IPNews, Marco Galaz, diretor de Telecom da everis Brasil, em entrevista exclusiva ao IPNews, comenta o emprego do 4G, LTE e como as operadoras fixas, móveis e virtuais lidam com o novo mercado que as cerca: o pós – anúncio do PNBL.

Levando em consideração que a banda larga móvel no Brasil já alcança 187 milhões de pessoas, o Sr. poderia nos falar um pouco sobre a rede 4G?


O maior beneficio que a rede 4G pode trazer para os usuários é o aumento na velocidade passando de 2 ou 3 mega nos aparelhos de celular, para 70, 30, 40 mega, ou seja, 10 vezes acima da velocidade que temos hoje. A rede 4G também deve garantir que você fique conectado 100% do tempo em qualquer lugar.

82% dos brasileiros ainda possuem celular pré-pago. Sendo assim, como será a adoção da rede 4G aqui no Brasil?

Primeiro que haverá maior capacidade de linhas dentro de uma mesma rede. Com isso teremos um menor numero de redes e um maior volume de linhas, isso me permite reduzir os custos de infraestrutura. Mais o mais importante é hoje o telefone celular está mais associado com voz, SMS , com esses tipos de serviços. Desse modo, com a tecnologia 4G, o celular não será para fazer ligações, será um aparelho para gerar, compartilhar e solicitar conteúdo. Assim, essas empresas passariam a ser também empresas de conteúdo e não só de comunicação, um pouco como acontece com as redes sociais, e com a internet.

O 4G vem revolucionando o mercado de Smartphones, portanto, provavelmente será um serviço bem caro. Para as operadoras é rentável levar o 4G para lugares mais afastados, que ainda não tem a banda larga?

Daqui a um ou dois anos as operadoras começarão a concorrer por conexões à internet, e, com o aumento do numero de usuários na internet, além de precisarem fazer investimento maior para dar suporte a todos, terão que reduzir os preços, porque estão pagando essa estrutura que já foi implementada. O mundo inteiro está migrando para 4G, então há uma tendência, e as operadoras têm que se preparar para isso. Haverão novas opções de desenvolvimento e novos aplicativos que, de uma forma ou outra, vão prover benefícios a todos, e as operadoras terão sim que fazer investimentos. Imagino que o governo vai incentivar, então poderá ser uma realidade por volta de 2013 aqui no Brasil.

Então você acredita que em 2013 o 4G já estará bem instalado aqui no Brasil?

Imagino que em 2013 nós já começaremos a falar de novas redes, e identificaremos as operadoras que sairão como vanguardistas, porque falarão do 4G e dos serviços que ofertarão. Imagino que isso já seja implantado em 2014 e daí pra frente é só evoluir em aplicações, prestações de serviços e em diferentes aplicativos que vamos utilizar no dia-a-dia.

Posição das MMDS com a redução do espectro

O que a redução do espectro, recentemente dita pela Anatel, acarretará para as MMDS e para as operadoras de telefonia móvel?

Você vê no mercado um movimento de integração de operadoras de convergência fixas e de celulares. Elas estão se juntando, como a Vivo, a Claro e a Telefônica, por exemplo, que fora do país já oferecem TV, banda larga, telefonia fixa e telefonia celular. Então, se por uma parte as operadoras de TV perderam parte do espectro, porque a Anatel criou e vai para a faixa de 2,5GHz, por outro agora não precisam de mais, pois estão dentro do mesmo negócio. De fato as empresas vão mudar o modelo de negócios e as operadoras não vão trabalhar só com voz, mas também vão começar a vender TV. Acho que essa é a maior mudança.

A Anatel já regulou uma faixa de 20Mhz para a tecnologia da parte digital de FDV (frequency digital division) e o que a Agência está propondo é um plano de revenda do espectro até 2012, 2013, quando haverá maior disponibilidade de faixa.

LTE X WiMax no Brasil

Falando do espectro, da banda larga, por favor comente a respeito do LTE aqui no Brasil.

Bom, LTE são as novas redes, aquelas denominadas de “longa vida”, diferentes daquelas que conhecemos hoje. Elas geram impacto nas redes WiMax, aqui no Brasil, pois estas não são muito populares. Com a LTE, não precisaremos mais de Wimax, o que permite algumas melhorias, como custo, porque LTE é bem mais barato.

Você acha que demoraria quanto?

Acho que até 2014, isso já será uma realidade também, pois ficaria em paralelo com a 4G. As redes LTE são as que permitem trabalhar com o 4G.

Vídeos no tráfego online

Atualmente a visualização de vídeos, corresponde a 51% do tráfego on-line. A tendência dos smartphones principalmente agora com o 4G, que é mais usado para transmissão de dados, é também ter um grande trafego de vídeos?

A telefonia como conhecemos vai mudar. O que estamos vendo é que agora, cada vez mais, as pessoas estão usando o telefone para se conectar, usando Twitter, ver e-mail, ver Orkut, MSN, enfim, todas as redes sociais. Sendo assim, você gera conteúdo e a operadora compra esse conteúdo. No caso de TV e vídeo estão fazendo o mesmo, tanto que o YouTube já está fazendo isso. Como as redes 4G têm uma capacidade e uma velocidade de conexão muito maior, a tendência é que isso aumente. Daqui a 4 ou 5 anos isso seguramente vai mudar a forma como as empresas trabalham, porque broadcast, vídeo On Demand e geração de conteúdo são coisas que vamos começar a escutar muito no mundo dos smartphone e telefonia celular.

Sobre a venda de vídeos, aqui no Brasil as pessoas não tem o costume de comprar vídeos como no caso do iTunes, que você paga um valor em dólar pelo conteúdo. Isso pode virar tendência, comprar pelo telefone?

Sim, acho que sim, encontrei já alguns sites que fazem isso, vendem vídeos por R$1, R$1,20. É bacana porque esse conteúdo tem uma durabilidade, esse arquivo fica no seu telefone por 24 horas depois disso ele apaga. É como uma locadora, você pode baixar no celular e, posteriormente, passar para a TV. Acho que é uma grande oportunidade para as operadoras, que devem começar a trabalhar e evoluir.

Por Andressa Nascimento

* fonte: iPNews