Em mais uma ação para virar o jogo e tentar fazer valer o padrão nipo-brasileiro, ante o padrão europeu, o DVB, no dia 31 de maio, pela primeira vez, a África do Sul verá o ISDB-T funcionando na banda de 8 MHz, utilizada no continente africano.

Haverá uma demonstração para os radiodifusores do país, às vésperas do início da Copa do Mundo. A adoção do ISDB-T na faixa de 8MHz é inédita, porque a faixa usada no Brasil, nas Américas, Japão e Ásia é a de 6MHz.

O desenvolvimento de equipamentos com ISDB-T em 8Mhz é um golpe para a indústria defensora padrão europeu DVB, que não esperava uma agilidade para o uso do padrão nipo-brasileiro em outra faixa que não a de 6MHz, em função da logística e da escala de equipamentos. Mas houve acerto tecnológico e protótipos estão prontos para viabilizar o teste.

Como os europeus não cumpriram o acerto firmado em 2006, em Genebra, de levar a TV Digital, em DVB, para a África - fato que não aconteceu, tanto que a Copa do Mundo não terá transmissão em TV Digital, o teste do dia 31 de maio, pode ser decisivo para a troca de rota - da Europa para o Brasil/Japão - no continente africano.

O teste é um segundo revés do DVB no continente europeu. Na semana passada, em Luanda, ministros de telecomunicações da SADC -Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral - referendaram a posição dos técnicos, expressa na reunião anterior, em Lesoto, para que não seja dada preferência a nenhum dos padrões e adiaram, por dois meses, a tomada de decisão.

Já naquela época foi informado que testes seriam realizados nesse período com os dois padrões e, agora, também na faixa de 8 MHz, o ISDB-T fica em igualdade de condições com o DVB. "Onde houve testes o padrão nipo-brasileiro venceu as disputas", enfatizou o Assessor da Casa Civil, André Barbosa.

A estratégia de Brasil e Japão mira os 210 milhões de habitantes dos 14 países da SADC – África do Sul, Angola, Botsuana, Congo, Lesoto, Madagáscar, Malawi, Maurício, Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue. Uma proposta formal já foi apresentada à África do Sul, que concentra 35% do PIB africano, e outra será encaminhada a Moçambique.

Os testes em 8MHz devem acirrar ainda mais os ânimos entre Brasil/Japão e Europa, já estremecidos com o protesto formal feito pelo Brasil à União Internacional de Telecomunicações (UIT), contra um funcionário da entidade, que teria sustentado para os africanos que 'a troca do DVB por outro padrão traria prejuízos financeiros'.


Ana Paula Lobo

Convergência Digital