Em mais uma matéria da série “Vozes do Mercado”, o diretor de operações da empresa de Wi-Fi, Marcos Ferraz, explica porque esta tecnologia de frequência livre pode auxiliar a inclusão digital proposta pelo governo.

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2010 é o ano da internet, especialmente no Brasil. Depois do anúncio do Plano Nacional de Banda Larga, em maio, muitas operadoras e empresas fornecedoras de produtos já começaram a se preparar para o início da era da competitividade.
O que já se sabe é que o governo pretende, com o Plano, estimular a inclusão digital total no país, inclusive em áreas que ainda não possuem cobertura de internet, a preços populares.
Muito se fala de redes de fibra óptica, Wimax, LTE e, mesmo, o Wi-Fi, que já existe em muitos lugares e cuja freqüência é livre. Para explicar a realidade desta última tecnologia citada, o diretor de operações internacionais e de varejo da Vex, Marcos Ferraz, cede entrevista exclusiva para o Portal IPNews na série “Vozes do Mercado”.
Wi-Fi

Como você vê a realidade do Wi-Fi no atual mercado brasileiro? É a principal tendência de conexão?
A mobilidade, se não for a maior tendência, é a que tem o maior crescimento, junto com o 3G. As duas são complementares e não concorrentes. O Brasil atingiu um momento em que a tecnologia Wi-Fi se tornou bastante conhecida e já há muitos pontos de acesso espalhados pelo país. A rede da vex tem um volume alto de acesso com equipamentos móveis. Mesmo com um pouco de atraso na implantação da tecnologia, o Brasil já chega ao nível de maturidade que outros países, como os Estados Unidos, por exemplo, já chegou há algum tempo. Claro que, neste meio tempo, outras tendências aparecem, como é o caso do Super Wi-Fi, que está em desenvolvimento.
Qual a proposta do Super Wi-Fi?
Super Wi-Fi, na realidade, não tem muito a ver, em si, com a tecnologia Wi-Fi. A única semelhança entre os dois é a frequência livre; No entanto, a do “Super” é frequência usada pelas TVs analógicas. A freqüência é de, aproximadamente, 800 Mhz, ou seja, tem alcance maior. A proposta é criar uma conexão sem fio que seja de melhor qualidade e mais rápida. No Brasil acredito que vai demorar a chegar, pois aqui ainda há muitas TVs analógicas, e, portanto, pode gerar interferência na conexão. O país precisa ter boa parte, pelo menos, digitalizada. Além disso, para que uma nova tecnologia seja adotada, deve ser feita uma troca de parking, para que os dispositivos possam se conectar em outra frequência. Portanto, não dá para pensar nesta tecnologia aqui antes de 2016.
O Super Wi-Fi virá como competidor de outras tecnologias?
Provavelmente será mais uma tecnologia agregada ao Wi-Fi. Mas isto ainda deve ser discutido e bastante testado, para não acontecer como o WiMax, que quebrou a expectativa das pessoas. Na época do lançamento do WiMax falou-se muita coisa e não aconteceu o q se esperava, então é melhor esperar os próximos passos.
Você acha que a tecnologia Wi-Fi compete, de alguma forma, com as transmissões via cabo, fibra óptica ou mesmo o WiMax?
Na realidade as tecnologias são complementares. Quando se comentava do lançamento do WiMax, a proposta era de ter até 100km de raio, velocidade superior e outros fatores positivos, mas nada disto aconteceu. No entanto, descobriu-se outra facilidade para complementar a banda larga, que é o link ponto a ponto. Então, ao invés de ter cabeamento ou fibra óptica, pode-se usar o WiMax pra fazer essa transmissão. Já o Wi-Fi, distribui a banda que é chamada de ultima milha, enquanto que o WiMax compete com fibra óptica, na qualidade de conexão. Enquanto isso, pode-se dizer que o 3G nada mais é do que um investimento das operadoras, já que não possui freqüência livre.
E com a tecnologia 4G chegando nos países? Muda alguma coisa para as empresas Wi-Fi, como a Vex, por exemplo?
O 4G não será muito diferente. Na realidade ele também complementa as tecnologias já existentes, mas, ao mesmo tempo, compete. Quando o 3G surgiu, as pessoas falavam que o Wi-Fi morreria. No entanto, ele cresceu muito mais com o surgimento da terceira geração, que, inicialmente, mantinha praticamente a mesma proposta do 4G, de todos ficarem 100% conectados, mas não foi o que aconteceu. A diferença entre as duas gerações, atualmente, é que o mais novo tem transferência e alcance maior, enquanto que o 3G é limitado. O mercado Wifi - 4G será o mesmo do Wi-Fi - 3G.
Você acredita que, no futuro, o Wi-Fi será uma tecnologia de cobertura total em cidades digitais?
Já há projetos de criação de cidades wireless. A vex fez uma cobertura em uma cidade da Argentina. Acredito que seja uma das maneiras mais importantes para entregar banda larga pra uma população. Por mais que exista algum tipo de barreira pra implantar um sinal em algum lugar, há a possibilidade de replicá-lo de alguma forma. Esta cobertura pode ser feita em muitas cidades brasileiras, mas tem que haver parceria público-privada.
E como fica a transmissão de dados se todas as pessoas utilizarem a mesma rede? Não há congestionamento?
O congestionamento somente acontece dependendo da quantidade de pessoas por ponto de acesso. Mais de 200 pessoas podem ficar no mesmo ponto simultaneamente. Mas, para uma cidade grande como São Paulo, por exemplo, o ideal é implantar uma rede Mesh, que dificilmente tem problemas de conexão.
PNBL

Falando em Rede Mesh, a Vex havia comentado interesse em fornecer esta tecnologia em parceria com o governo, para o Plano Nacional de Banda Larga. Como está o projeto?
A Vex já conversou com algumas cidades e prefeituras para criar rede mesh. Estas demonstraram interesse, mas querem entender se é necessário ter a rede Wireles aberta para toda população. Nós temos sim a intenção de realizar proposta com o governo federal, mas ainda não há nada oficial.
O que você acha da polêmica em torno do Plano Nacional de Banda Larga, quanto as “metas tímidas” de velocidade a 1Mbps, criticadas por muitas empresas e veículos?
Acho fácil criticarem, mas não enxergarem a nossa realidade. Para haver inclusão, tem que ser feito investimento. Muitas pessoas ainda não têm acesso nem a tecnologia, então não adianta querer aplicar um modelo com fibra óptica, porque o tamanho do investimento é diferente. O que o Brasil pretende é fazer com quem não tem banda larga passe a ter. Inicialmente o Plano vem pra suprir essa situação e, posteriormente, pensará na tecnologia.
Segurança

Muitas empresas ainda não utilizam Wi-Fi por receio na transferência de dados. Como fica a questão da segurança nesta rede?
A freqüência livre não influi na questão da segurança. Qualquer computador tem opções de segurança, ou seja, o usuário pode deixar a máquina mais ou menos vulnerável quando compartilha arquivos pela internet. As pastas nos computadores que podem ser vistas por outras pessoas, são acessadas tanto por Wifi como por rede cabeada. Cabe, no caso, ao usuário tomar cuidado e colocar chaves de acesso na rede. Além do mais, falando pela Vex, hoje em dia todos os clientes são cadastrados. Desse modo, temos condições de levantar dados de qualquer pessoa.
Aquisições

Recentemente a Vex fechou acordo com a Skype. Comente esta parceria.
O que temos com a Skype é um acordo de roaming. Pensando na Vex como uma operadora de telefonia celular, pedimos a mesma coisa, ou seja, conseguimos disponibilizar conexões em outros países por roaming. Além disso, com a parceria, os usuários podem acessar a internet pelo Skype, pagando com seus créditos. Nossa intenção é dispor de várias formas de acesso.
Você acha que, com a aquisição, haverá mais interesse por parte dos usuários no mercado VoIP?
Assumindo que o usuário estará usando a internet quando usa seus créditos pra acessar, sim, as pessoas devem utilizar mais as chamadas IP. Um dos grandes diferenciais do Wi-Fi pro 3G em roaming é que o custo do primeiro é quase zero.
* fonte: IP News